Agradecimentos Carta ao Leitor




Capa “Liberdade
Pintura acrílica em canvas representando a exuberância, leveza e liberdade da borboleta após a vida rastejante no corpo de lagarta, transformação em casulo e finalmente voando, pura e bela para o alto em direção ao Criador.
Sob pseudônimo Mídi - Clemilda Bosco, Pintora desde 1981, iniciou com Natureza Morta em óleo sobre canvas sob a tutela do artista plástico, Botelho, posteriormente, estudou desenho em cursos de Desenho no Parque Lage (Rio de Janeiro-RJ). Em o contato diário com belo jardim da escola, apaixonou-se por flores e assim, especializou-se na técnica alemã “Bauernmalerei”. Seus trabalhos em peças de decoração e uso geral, estão catalogados em coleção, ainda não publicada sob o título MidiArt. Tela: canvas 6”x8” - Este trabalho foi dedicado à capa desta obra em homenagem ao tema básico que consiste na evolução em direção à Redenção

Este livro é uma revisão e compilação do periódico mensal via Internet, Jornal Amigo Falando ao Coração e reúne as edições completas de abril de 1999 até março de 2002. Em Março de 2002, o Jornal Amigo, no Ano III, estava em sua 36a edição, completando assim 3 anos.
Os Editoriais e Colunas assinadas são de nossa autoria e responsabilidade, outras que também mencionaram o autor nas edições mensais do Jornal Amigo foram, por questões de espaço e linha filosófica, adaptadas e corrigidas. Outras matérias ainda, cujo autor não é mencionado, foram recebidas via internet de tantos amigos deste mensageiro. Neste trabalho, no entanto, deixamos de mencionar os ilustres autores por questões estéticas e ainda por entender que assim como nós, a intenção maior foi a de colaborar com nossos irmãos que esperam, daqueles que se dedicam à arte das letras, palavras de amor, carinho e esperança.

JornalAmigo@hotmail.com

PauloBosco@hotmail.com
P.O.Box 2473 Aquebogue, NY-USA 11931-2473

Agradecimentos
A todos que, conscientes ou inconscientes, familiares, parentes, amigos e inimigos, conhecidos, desconhecidos, anônimos e a todos os queridos leitores que sempre enviam mensagens fraternas, críticos favoráveis e contrários, aos elogios, às farpas, aos crentes e descrentes, aos que ditaram e aos que escreveram tantas obras maravilhosas, aos vivos terrenos e aos vivos na grande pátria, a todos enfim que de uma forma ou de outra, me inspiraram e me empurraram para elaboração deste trabalho, meus agradecimentos, pois, de todos que dele se utilizaram, eu fui o maior beneficiado … aprendi. Aprendi que é necessário mudar, rever conceitos, ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje, enfim … evoluir.

Às minhas duas mães. Margareth e Frieda, ao meu pai Paulo, todos já do outro lado, à minha irmãzinha Marta, minha esposa Mídi, meus filhos Marcos e Renata, peço perdão pelo barulho dos meus pecados e agradeço a paciência e o amor que sempre me dedicaram.

Um lírio em meu peito está gravado, como lembrança da minha eterna gratidão ao Grupo Fraterno da Míni Cidade do Amor, o Lar de Frei Luiz, por apontar-me o caminho.“Amai-Vos Uns Aos Outros Como Eu Vos Amei”

Carta ao Leitor
Este livro, como qualquer outra obra, também tem uma pretensão e nossa pretensão é atingir ao coração daqueles que desejarem mudar, se aperfeiçoar, crescer e evoluir na relação com seu próximo.

Ha tempos, através do periódico mensal via internet, Jornal Amigo, distribuímos mensagens fraternas na melhor das intenções, chegamos a atingir 2000 endereços eletrônicos embora nosso mensageiro não divulgue noticias ou novidades, tudo que publicamos, há muito está arquivado na mente de todos os seres deste planeta. Anunciar o que já foi dito, divulgar o conhecido, repisar sobre assuntos que há dois mil anos todos conhecemos, mas…que, entretanto, não temos tempo para meditar, ou sequer pensar. Trata-se, em resumo, apenas de consolidar as edições do Jornal Amigo para efeito de coleção para aqueles que se interessam pelo tema Amor Fraternal.
Assim, nossa intenção é ajudá-lo a rever seus arquivos morais, ajudá-lo a se lembrar do próximo, ajudá-lo a controlar seus impulsos negativos, ajudá-lo a lembrar-se que é filho de Deus e por isso tem o compromisso de se lembrar de tudo aquilo que já está em sua mente, mas que, por contingências da corrida diária pela sobrevivência, nem sempre tem tempo para procurar e pensar nas matérias guardadas nos arquivos de suas emoções.
Vale acrescentar, que não temos nenhuma pretensão religiosa, financeira, política ou quaisquer outras que não sejam a de falar ao coração de todos aqueles que quiserem perder ou melhor, investir alguns momentos para ler ou que seja, reler aquilo que já sabemos mas que certamente precisamos manter fresco na mente a fim de que possamos conviver melhor com nosso próximo.
Entretanto, se este trabalho, por vias indiretas, lhe chegar às mãos, por favor, não o julgue como um livro normal. Não tivemos a intenção de escrever um livro, na concepção literal da palavra – Verbete: LIVRO, Obra literária, científica ou artística que compõe, em regra, um volume – e, muito menos, publicá-lo e sim, apenas, usar os maravilhosos recursos da atual tecnologia da informação, processamento e impressão para dividir meus pensamentos entre família, parentes chegados e não chegados, amigos de perto e de longe e todo aquele que eu puder, de uma forma ou de outra, usando-o como brinde, atingir ao coração.
Esperamos assim, contar com sua condescendência com este humilde trabalho considerando nossa boa intenção, na divulgação do amor ao próximo. Nossas sinceras desculpas aos possíveis erros e/ou omissões e agradecimentos por quaisquer criticas e sugestões que serão recebidas, avaliadas e aplicadas com todo o carinho que todo o restrito grupo, de nossos queridos leitores, merecem e ainda, agradecemos sua atenção esperando que, de alguma forma, possamos ser úteis levando até você, palavras de carinho e amor. Um grande abraco e um beijo em seu coração.
o autor

Poema Redenção

Ao meu avô paterno, meu amigo, meu guia e minha inspiração, dedico este trabalho REDENÇÃO de Rodolpho Bosco, professor, poeta, filósofo, espirita e de grande alma caridosa.

Redenção
Confundido na imponência da colina, o palácio do pecado, da viperina. A noite, tétrico manto a envolver, o que antes era sonho, vinho, prazer. Alcova perfumada. Leito de arminho.
A peregrina palmilha cruel caminho, na busca do Mestre, o meigo Jesus. Buscando consolo. Sedenta de luz. Estrondeia-lhe voz interior. Caminha! Consciência. Remorso que se avizinha. Voz que vem das profundezas interiores, impregnada de angústias, de clamores.
Caminha! Caminha! Maria de Magdala, para do Cristo seres fiel vassala. Ao longo do caminho o Cristo te acena. Foge das trevas, banha-te na luz. Madalena! Longa estrada! Olhar fito no além, erguem-se as colinas de Jerusalém.
O passado transforma-se numa ficção, sonhos que morrem na fuga da ilusão. Alma renovada, altiva, redimida, do crime liberta, impune, foragida. Um pensamento, idéia fixa: Jesus! Pulsa-lhe no seio o coração. A cruz da redenção, pesa-lhe ao ombro, demais.
A recordação do passado são punhais, ferindo o coração, a mente, o ser. Importa‚ é a vida. A vida volver. Sentir o sabor da virtude, do amor. Não mais solver a taça do pundonor, onde o néctar deletério das paixões, subjuga a alma, tiraniza corações.
Certo que em Cristo terá acolhida: "Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida" ”Precisam de médicos os que são enfermos" Na barca: "Salva-nos, Senhor, que perecemos" "Não ‚ é a vida mais que o alimento?" "Abjurai todo o tentador pensamento" "Não andeis ansiosos pelo que vestir" "Sede puro de alma o que me seguir".
Ei de vencer a blasfêmia dos fariseus!...E minha alma ver o Reino de Deus.
Jesus em Bethania na casa do leproso, Simão, dá-lhe repasto farto, saboroso. Chega-se ao Cristo a mulher temerosa, portando vaso de perfume malva-rosa. Derrama-lhe na cabeça, estando à mesa. Há em derredor um murmúrio de surpresa.
Indignados, disseram: Quanto desperdício. Poderia aos pobres dar-se em beneficio... Percebendo, Jesus disse: "Esta mulher, será sempre lembrada, onde se aprouver seja meu Evangelho ao mundo pregado.
O perfume sobre meu Corpo derramado, ela o fez para minha sepultura"
Envolve-a uma auréola de doçura, todo seu ser resplandece envolto na luz. Fita-lhe, sereno, o Divino Jesus. "O teu arrependimento‚ é grande demais! Vai mulher e não peques mais, nunca mais”
O silêncio domina todo o ambiente, o Cristo estende-lhe a mão docemente. O Mestre medita nos mistérios da vida. Madalena sorri, feliz, redimida....

Verbete: redenção
[Do lat. redemptione.] S. f. - Ato ou efeito de remir ou redimir.Ajuda ou recurso capaz de livrar ou salvar alguém de situação aflitiva ou perigosa. A salvação oferecida por Jesus Cristo na cruz, com ênfase no aspecto de libertação da escravidão do pecado.

Apresentação por Castorino Cavalheiro

Faz-de-Conta que é Prefácio

PHB sempre foi um adversário gentil e temeroso. Sem a pretensão de ser mestre, mexe as peças do xadrez da vida com larga estratégia e a sapiência de seus cinqüenta e cinco anos adquirida no dia a dia de sua vivência de "aventureiro" nos Estados Unidos da América. Movido por uma amizade que muito prezo, lançou-me o desafio de prefaciar (ou apresentar, como ele mesmo diz) sua primeira incursão na literatura. Estratégia de enxadrista que inicia a partida com um C3BD, tentando atrair o parceiro para as facilidades de ganho...Armadilha! Armadilha que me deixou em situação delicada em vista de nossa profunda amizade. Profunda amizade que se iniciou não sei quando, mas que me parece eterna, herdada de um grande amigo (tardiamente reconhecido, confesso) que foi Paulo Combes Bosco. Conheci Paulão nos idos de 54/55, quando iniciava minha vida de casado no Rio de Janeiro, em meu primeiro emprego. Trabalhávamos na mesma firma, eu como auxiliar de escritório, ele como desenhista/projetista de equipamento contra incêndio. Amizade construída devagarzinho, mercê de minha admiração por sua capacidade de desenhista e que foi se firmando ao longo dos anos até que PCB (não confundir com o Partidão) encetou a viagem a que todos nós viventes nos destinamos. Paulinho ainda meninote. Na época nenhum de nós imaginávamos que uma outra amizade estava surgindo e amadurecendo para tornar-se algo concreto. Dizem que os extremos se tocam. Minhas concepções "filosóficas" sempre foram contrárias às de Paulo Hermano. A religiosidade dele causava-me algum espanto e acho que as minhas idéias eram aceitas por ele mais por nossa amizade e respeito do que pela convicção de que estavam certas. Sempre discordamos quanto à doutrina espírita e a certos dogmas da religião pregada por Cristo. Apesar disto, orgulho-me de merecer sua amizade e de ser convidado para rabiscar algo na apresentação de seu primeiro livro. Declaro-me mais do que suspeito para assumir tal tarefa. E se a intenção de PHB foi a de espicaçar o meu senso crítico e confrontar minhas idéias contrárias às suas convicções, errou na movimentação da peça. Devia ter iniciado o jogo com P4D! … Viver novamente! Foi isto que PHB fez ao deixar para traz uma rotina vitoriosa de competente administrador de empresas para jogar com a sorte em uma terra estranha e sem o domínio total da língua. Novas experiências, novos horizontes e novas vivências. O exercício da humildade, na execução de seus serviços de caseiro foi a semente do que hoje nos revela em seus escritos. A rotina nunca experimentada de empregado doméstico proporcionou-lhe uma abertura (ou reabertura, o que sei eu?) espiritual da qual me surpreendi ao ler suas primeiras notas no Jornal Amigo e que agora culmina com esta REDENÇÃO, na qual, tenho absoluta certeza, os que tiverem o privilégio de ler, encontrarão, em cada texto, algo que os farão repensar seus conceitos. REDENÇÃO é uma catarse que também nos conduz a reavaliar as nossas mais íntimas vivências. PHB escreve de dentro para fora, da alma para a razão, filtrando suas idéias pelo coração! Ouso dizer (e ele não vai gostar muito disto) que exagera um pouco quando empresta ao Cristo esta emoção que é própria dele, quando afirma "eu gosto de gente com a cabeça no lugar, de conteúdo interno, idealismo nos olhos e pés no chão". Auto retrato. Este é o Paulinho que eu não conhecia e que agora se revela de forma exuberante! Se não estou conseguindo expressar meu entusiasmo, virem as páginas até encontrarem o "Bate Papo", do qual tomo a liberdade de destacar: "Naturalmente nos chocamos fantasiando a nosso respeito, procurando até artifícios sutis para nos enganarmos pelo caminho de nossa mente, criando uma imagem que gostaríamos de ser e encobrindo o que somos; é óbvio que enxergar essa realidade é quase sempre não muito agradável e provoca reações dolorosas". Outro fragmento de um retrato de corpo inteiro que é essa imensidão de alma encarnada em Paulo H. Bosco! A segunda parte do livrete (sem conotações pejorativas, por favor...) lembra-me Paulo Coelho. Entretanto, à parte de nossa profunda amizade e de nossa divergências "filosóficas", ainda acho – comparando-o com Paulo Coelho – que PHB escreve com o coração e sabe muito bem do que está falando. Leiam e confiram. O livro inteiro é um colar de pérolas que nos falam ao coração e dentre as preciosas pérolas não posso deixar de citar mais uma em que fala da amizade. "O melhor amigo é aquele que nos faz melhores do que somos, que comunica o melhor de si mesmo com o mínimo de palavras, que, apesar de nos conhecer a fundo, nos ama como nós somos. Que nos diz a verdade na sinceridade mesmo sabendo que com isso possa nos desagradar. É aquele que nos quer mais felizes do que somos." Lendo PHB também "aprendi que é necessário mudar, rever conceitos, ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje. Enfim, evoluir." Xeque mate!

Obrigado querido Castor,
Das heranças que meu saudoso pai me deixou, a maior, sem dúvida, foram seus grandes amigos Ao eterno amigo, amigo de meu maior amigo, amigo das boas horas de papos elevados e das muitas horas incertas, meu agradecimento por contribuir com este amador ensaio de coletâneas de palavras falando ao coração.
o autor

Historiando Redenção

Não longe da Vila principesca onde vivia entregue a prazeres, Maria de Magdala ouvira as pregações do Evangelho e tomara-se de profunda admiração pelo Messias. Que novo amor era aquele apregoado aos pescadores singelos por lábios tão divinos? Até ali, caminhara so­bre as rosas rubras do desejo, embriagando-se com o vinho de condenáveis alegrias. No entanto, seu coração estava sequioso e em desalento. Jovem e formosa, emancipara-se dos preconceitos férreos de sua raça; sua beleza lhe es­cravizara aos caprichos de mulher os mais ardentes admi­radores; mas seu espírito tinha fome de amor. O profeta nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos. Depois que lhe ouvira a palavra, observou que as facili­dades da vida lhe traziam agora um tédio mortal ao espí­rito sensível. As músicas voluptuosas não encontravam eco em seu íntimo, os enfeites de sua habitação se tornaram áridos e tristes. Maria chorou longamente, em­bora não compreendesse ainda o que pleiteava o profeta desconhecido. Entretanto, seu convite amoroso parecia res­soar-lhe nas fibras mais sensíveis de mulher. Jesus cha­mava os homens para uma vida nova. Decorrida uma noite de grandes meditações e antes do famoso banquete em Naim, onde ela ungiria publicamente os pés de Jesus com os bálsamos perfumados de seu afeto, notou-se que uma barca tranqüila conduzia a pecadora a Cafarnaum. Dispusera-se a procurar o Messias, após muitas hesitações. Como a receberia o Senhor, na residência de Simão? Seus conterrâneos nunca lhe ha­viam perdoado o abandono do lar e a vida de aventuras. Para todos, era ela a mulher perdida que teria de encon­trar a lapidação na praça pública. Sua consciência, porém, lhe pedia que fosse. Jesus tratava a multidão com especial carinho. Jamais lhe observara qualquer expressão de des­prezo para com as numerosas mulheres de vida equívoca que o cercavam. Além disso, sentia-se seduzida pela sua generosidade. Se possível, desejaria trabalhar na execução de suas idéias puras e redentoras. Propunha-se a amar, como Jesus amava, sentir com os seus sentimentos subli­mes. Se necessário, saberia renunciar a tudo. Que lhe valiam as jóias, as flores raras, os banquetes suntuosos, se, ao fim de tudo isso, conservava a sua sede de amor?... Envolvida por esses pensamentos profundos, Maria de Magdala penetrou o umbral da humilde residência de Si­mão Pedro, onde Jesus parecia esperá-la, tal a bondade com que a recebeu num grande sorriso. Ela sentou-se com indefinível emoção a estrangular-lhe o peito. Vencendo, porém, as suas mais fortes impressões, falou súplice — Senhor, ouvi a vossa palavra consoladora e venho ao vosso encontro!... Tendes a clarividência do céu e po­deis adivinhar como tenho vivido! Sou uma filha do pe­cado. Todos me condenam. Entretanto, Mestre, observai como tenho sede do verdadeiro amor!... Minha existên­cia, como todos os prazeres, tem sido estéril e amargu­rada... As primeiras lágrimas lhe borbulharam dos olhos, en­quanto Jesus a contemplava. Ela, porém, continuou: — Ouvi o vosso amoroso convite ao Evangelho! De­sejava ser das vossas ovelhas; mas, será que Deus me aceitaria? O Profeta nazareno fitou-a, sondando as profundezas de seu pensamento, e respondeu: — Maria, levanta os olhos para o céu e regozija-te no caminho, porque escutaste a Boa Nova do Reino e Deus te abençoa as alegrias! Acaso, poderias pensar que alguém no mundo estivesse condenado ao pecado eterno? Onde, então, o amor de Nosso Pai? Nunca viste a prima­vera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas; porém, as flores são as esperanças em Deus. Sobre todas as falências e desventuras próprias do homem, as bênçãos paternais de Deus descem e cha­mam. Sentes hoje esse novo sol a iluminar-te o destino! Caminha agora, sob a sua luz, porque o amor cobre a multidão dos pecados. Ela escutava o Mestre, beben­do-lhe as palavras. Homem algum havia falado assim à sua alma incompreendida. Os mais levianos lhe pervertiam as boas inclinações, os aparentemente virtuosos a des­prezavam sem piedade. Engolfada em pensamentos con­fortadores e ouvindo as referências de Jesus ao amor, Maria acentuou: — No entanto, Senhor, tenho amado e tenho sede de amor!... Sim — redargüiu Jesus —, tua sede é real. O mun­do viciou todas as fontes de redenção e é imprescindível compreenda que em suas sendas a virtude tem de mar­char por uma porta muito estreita. Geralmente, um homem deseja ser bom como os outros, ou honesto como os de­mais, olvidando que o caminho onde todos passam é de fácil acesso e de marcha sem edificações. A virtude no mundo foi transformada na porta larga da conveniência própria. Há os que amam os que lhes pertencem ao círculo pessoal, os que são sinceros com os seus amigos, os que defendem seus familiares, os que adoram os deuses do favor. O que verdadeiramente ama, porém, conhece a re­núncia suprema a todos os bens do mundo e vive feliz, na sua senda de trabalhos para o difícil acesso às luzes da redenção. O amor sincero não exige satisfações passa­geiras, que se extinguem no mundo com a primeira ilusão; trabalha sempre, sem amargura e sem ambição, com os júbilos do sacrifício. Só o amor que renuncia sabe ca­minhar para a vida suprema!... Maria o escutava ansiosa por compre­ender inteiramente aqueles novos ensinos, e perguntou: — Só o amor pelo sacrifício poderá saciar a sede do coração? Jesus teve um gesto afirmativo e continuou: — Somente o sacrifício contém o divino mistério da vida. Viver bem é saber imolar-se. Acreditas que o mundo pudesse manter o equilíbrio próprio tão só com os capri­chos antagônicos e por vezes criminosos dos que se ele­vam à galeria dos triunfadores? Toda luz humana vem do coração experiente e brando dos que foram sacrificados. Um guerreiro coberto de louros ergue os seus gritos de vitória sobre os cadáveres que juncam o chão; mas, ape­nas os que tombaram fazem bastante silêncio, para que se ouça no mundo a mensagem de Deus. O primeiro pode fazer a experiência para um dia; os segundos constroem a estrada definitiva na eternidade. Na tua condição de mulher, já pensaste no que seria o mundo sem as mães exterminadas no silêncio e no sa­crifício? Não são elas as cultivadoras do jardim da vida, onde os homens travam a batalha?... Muitas vezes, o campo enflorescido se cobre de lama e sangue; entre­tanto, na sua tarefa silenciosa, os corações maternais não desesperam e reedificam o jardim da vida, imitando a Pro­vidência Divina, que espalha sobre um cemitério os lírios perfumados de seu amor!... Maria de Magdala, ouvindo aquelas advertências, co­meçou a chorar, a sentir no íntimo o deserto da mulher sem filhos. Por fim, exclamou: — Desgraçada de mim, Senhor, que não poderei ser mãe!... Então, atraindo-a a si, o Mestre acrescentou: — E qual das mães será maior aos olhos de Deus? A que se devotou somente aos filhos de sua carne, ou a que se consagrou, pelo espírito, aos filhos das outras mães? Aquela interrogação pareceu despertá-la para medi­tações mais profundas. Maria sentiu-se amparada por uma energia interior diferente, que até então desconhecera. A palavra de Jesus lhe honrava o espírito; convidava-a a ser mãe de seus irmãos em humanidade, aquinhoando-os com os bens supremos das mais elevadas virtudes da vida. Experimentando radiosa felicidade em seu mundo íntimo, contemplou o Messias com os olhos nevoados e, no êxtase de sua imensa alegria, murmurou: — Senhor, doravante renunciarei a todos os prazeres transitórios do mundo, para adquirir o amor celestial que me ensinastes!... Acolherei como filhas as minhas irmãs no sofrimento, procurarei os infortunados para aliviar-lhes as feridas do coração, estarei com os aleijados e lepro­sos... Nesse instante, Simão Pedro passou pelo aposento, e a observou com certa estranhe­za. A convertida de Magdala lhe sentiu o olhar glacial, quase denotando desprezo, e, já receosa de um dia perder a convivência do mestre perguntou — Senhor, quando partirdes deste mundo, como ficaremos? Jesus compreendeu o motivo e o alcance de sua pa­lavra e esclareceu: — Certamente que partirei, mas estaremos eterna­mente reunidos em espírito. Quanto ao futuro, com o in­finito de suas perspectivas, é necessário que cada um tome sua cruz, em busca da porta estreita da redenção, colocando acima de tudo a fidelidade a Deus e, em se­gundo lugar, a perfeita confiança em si mesmo. Observando que Maria, ainda opressa pelo olhar es­tranho de Simão Pedro, se preparava a regressar, o Mestre lhe sorriu com bondade e disse: — Vai, Maria!... Sacrifica-te e ama sempre. Longo é o caminho, difícil a jornada, estreita a porta; mas, a fé remove os obstáculos... Nada temas: é preciso crer so­mente! Mais tarde, depois de sua gloriosa visão do Cristo ressuscitado, Maria de Magdala voltou de Jerusalém para a Galiléia, seguindo os passos dos companheiros queridos. A mensagem da ressurreição espalhara uma alegria infinita. Após algum tempo, quando os apóstolos e seguido­res do Messias procuravam reviver o passado junto ao Tiberíades, os discípulos diretos do Senhor abandonaram a região, a serviço da Boa Nova. Ao disporem-se os dois últimos companheiros a partir em definitivo para Jerusa­ têm, Maria de Magdala, temendo a solidão da saudade, rogou fervorosamente lhe permitissem acompanhá-los à ci­dade dos profetas; ambos, no entanto, se negaram a anuir aos seus desejos. Temiam-lhe o pretérito de pecadora, não confiavam em seu coração de mulher. Maria compre­endeu, mas lembrou-se do Mestre e resignou-se. Humilde e sozinha, resistiu a todas as propostas con­denáveis que a solicitavam para uma nova queda de sen­timentos. Sem recursos para viver, trabalhou pela própria manutenção, em Magdala e Dalmanuta. Foi forte nas horas mais ásperas, alegre nos sofrimentos mais escabrosos, fiel a Deus nos instantes escuros e pungentes. De vez em quan­do, ia às sinagogas, desejosa de cultivar a lição de Jesus; mas as aldeias da Galiléia estavam novamente subjugadas pela intransigência. Ela compreendeu que pal­milhava agora o caminho estreito, onde ia só, com a sua confiança em Jesus. Por vezes, chorava de saudade, quan­do passeava no silêncio da praia, recordando a presença do Messias. As aves do lago, ao crepúsculo, vinham pousar, como outrora, nas alcaparreiras mais próximas; o horizonte oferecia, como sempre, o seu banquete de luz. Ela contemplava as ondas mansas e lhes confiava suas me­ditações. Certo dia, um grupo de leprosos veio a Dalmanuta. Procediam da lduméia aqueles infelizes, cansados e tris­tes, em supremo abandono. Perguntavam por Jesus Nazareno, mas todas as portas se lhes fechavam. Maria foi ter com eles e, sentindo-se isolada, com amplo direito de empregar a sua liberdade, reuniu-os sob as árvores da praia e lhes transmitiu as palavras de Jesus, enchendo-lhes os corações das claridades do Evangelho. As autoridades lo­cais, entretanto, ordenaram a expulsão imediata dos en­fermos. A grande convertida percebeu tamanha alegria no semblante dos infortunados, em face de suas fraternas revelações a respeito das promessas do Senhor, que se pôs em marcha, junto com os rejeitados, para Jerusalém. Todo o grupo passou a noite ao relento, mas sentia-se que os júbilos do Reino de Deus agora os dominavam. Todos se interessavam pelas descrições de Maria, devoravam-lhe as exortações, contagiados de sua alegria e de sua fé. Chegados à cidade, foram conduzidos ao vale dos lepro­sos, que ficava distante, onde Madalena penetrou com es­pontaneidade de coração. Seu espírito recordava as lições do Messias e uma coragem indefinível se assenhoreara de sua alma. Dali em diante, todas as tardes, a mensageira do Evangelho reunia a turba de seus novos amigos e lhes dizia o ensinamento de Jesus. Rostos ulcerados enchiam-se de alegria, olhos sombrios e tristes tocavam-se de nova luz. Maria lhes explicava que Jesus havia exemplifica­do o bem até á morte, ensinando que todos os seus discí­pulos deviam ter bom ânimo para vencer o mundo. Os agonizantes arrastavam-se até junto dela e lhe beijavam a túnica singela. A filha de Magdala, lembrando o amor do Mestre, tomava-os em seus braços fraternos e carinhosos. Em breve tempo, sua epiderme apresentava, igualmen­te, manchas violáceas e tristes. Ela compreendeu a sua nova situação e recordou a recomendação do Messias de que somente sabiam viver os que sabiam imolar-se. E experimentou grande alegria por haver levado aos seus com­panheiros de dor uma migalha de esperança. Desde a sua chegada, em todo o vale se falava daquele Reino de Deus que a criatura devia edificar no próprio coração. Os mori­bundos esperavam a morte com um sorriso ditoso nos lábios, os que a lepra deformara ou abatera guardavam bom ânimo nas fibras mais sensíveis. Sentindo-se ao termo de sua tarefa meritória, Maria de Magdala desejou rever antigas afeições de seu círculo pessoal, que se encontravam em Éfeso. Lá estavam João e Maria, além de outros companheiros dos júbilos cristãos. Adivinhava que as suas últimas dores terrestres vinham muito próximas; então, deliberou pôr em prática seu hu­milde desejo. Nas despedidas, seus companheiros de infortúnio ma­terial vinham suplicar-lhe os derradeiros conselhos e re­cordações. Envolvendo-os no seu carinho, a emissária do Evangelho lhes dizia apenas: — Jesus deseja intensamente que nos amemos uns aos outros e que participemos de suas divinas esperanças, na mais extrema lealdade a Deus!... Dentre aqueles doentes, os que ainda se equilibravam pelos caminhos lhe traziam o fruto das esmolas escassas e as crianças abandonadas vinham beijar-lhe as mãos. Na fortaleza de sua fé, a ex-pecadora abandonou o vale, através das estradas ásperas, afastando-se das mi­sérrimas choupanas. A peregrinação foi-lhe difícil e an­gustiosa. Para satisfazer aos seus intentos recorreu à caridade, sofreu penosas humilhações, submeteu-se ao sa­crifício. Observando as feridas pustulentas que substituíam sua antiga beleza, alegrava-se em reconhecer que seu es­pírito não tinha motivos para lamentações. Jesus a espe­rava e sua alma era fiel. Realizada a sua aspiração, por entre dificuldades in­finitas, Maria achou-se, um dia, às portas da cidade; mas, invencível abatimento lhe dominava os centros de força física. No justo momento de suas efusões afetuosas, quan­do o casario de Éfeso se lhe desdobrava à vista, seu corpo alquebrado negou-se a caminhar. Modesta família de cristãos do subúrbio recolheu-a caridosamente a uma tenda humilde, Madalena pôde ainda rever amizades bem caras, consoante seus desejos. Entretanto, por largos dias de padecimentos debateu-se entre a vida e a morte. Uma noite, atingiram o auge as profundas dores que sentia. Sua alma estava iluminada por brandas reminis­cências e, não obstante seus olhos se acharem selados pelas pálpebras intumescidas, via com os olhos da ima­ginação o lago querido, os companheiros de fé, o Mestre bem-amado. Seu espírito parecia transpor as fronteiras da eternidade radiosa. De minuto a minuto, ouvia-se-lhe um gemido surdo, enquanto os irmãos de crença lhe rodea­vam o leito de dor, com as preces sinceras de seus cora­ções amigos e desvelados. Em dado instante, observou-se que seu peito não mais arfava. Maria, no entanto, experimentava consoladora sen­sação de alívio. Sentia-se sob as árvores de Cafarnaum e esperava o Messias. As aves cantavam nos ramos pró­ximos e as ondas sussurrantes vinham beijar-lhe os pés. Foi quando viu Jesus aproximar-se, mais belo que nunca. Seu olhar tinha o reflexo do céu e o semblante trazia um júbilo indefinível. O Mestre estendeu-lhe as mãos e ela se prosternou, exclamando, como antigamente: — Senhor! Jesus recolheu-a brandamente nos braços e murmu­rou: — Maria, já passaste a porta estreita!... Amaste mui­to! Vem! Eu te espero aqui!

Prefácio por Norma Guimarães

“Havia numa estrela, num planeta, o meu, a Terra, um principezinho a consolar.”
Podemos dizer que o homem contemporâneo, numa devastadora maioria, vive do pão e do livro. Porém, considerando o homem do terceiro milênio, adequamos a segunda necessidade para o computador. O pão representando suas necessidades físicas, o computador a expansão à sua intelectualidade. Saciado nestes dois elementos essenciais para a sobrevivência em nosso planeta, ele só passa a buscar um terceiro elemento, quando o mecanismo que movimenta e sustenta a sua estrutura psicológica e emocional entra em pane e cai no deserto da dor. Aí, a sede de misericórdia se sobrepõe a toda sua força e ele quer e busca o consolo. Mas, não poderíamos falar em consolo, sem conciliar a idéia de um Ser que impera, soberanamente, sobre todas as coisas: Deus. Neste caso, Deus que seria a terceira necessidade para essa maioria, quando na realidade, é, essencialmente, a primeira, passa, irresistivelmente para um plano de emergência em sua vida. Na Sua infinita bondade, justiça e amor, Deus permite ao homem, incessantemente, através de Suas leis naturais e imutáveis, se reencontrar, se reequilibrar, fazendo de suas próprias quedas o seu facho de iluminação, galgando, inevitavelmente, os degraus para sua ascensão. Nesta obra despretensiosa, a proposta do amigo Paulo Bosco é, justamente, colaborar na construção de um mundo melhor, através da palavra instrutiva e consoladora que estimula o próximo à ação renovadora que promove a sua transformação íntima. Somos testemunha do nascimento deste trabalho. Imaginem, tudo começou na lâmina da solidão, quando o amigo relembrava a temporada vivida no estado de Virgínia, a trabalho, num lugarejo reservado ao lazer de políticos e milionários americanos que se deleitavam com a caça de raposas e com os jogos de pólo. Trabalhava com ele uma senhora de cor, a quem ele chamou de anjo negro, por sua bondade e beleza de alma. Ela freqüentava a igreja Evangélica, localizada num gramado, no meio da floresta, onde o levara para uma visita, em sua companhia. Naquela igrejinha, entre os verdes da mata, Paulo fotografou na sua memória a imagem da verdadeira alegria e fraternidade entre os seres humanos. O que o levou a refletir muito seriamente sobre a sua vida, foi uma mensagem intitulada “Minha Conversa com Deus” lida por uma jovem integrante do grupo, começando assim: “Eu pedi a Deus que me livrasse da dor, Deus disse, não.” O leitor poderá se inteirar do conteúdo desta mensagem em uma das páginas deste livro. Resumindo a estória, no final da mensagem, o que Deus concedia era ajudar a amar o próximo. Até agora..... teorias, pensava Paulo. Como praticar esse amor? Como ver o resultado deste amor? É verdade amigo. O amor é como o vento: a gente não o vê. Mas o vento, quando toca as saias ou os cabelos das “morenas” a gente vê. Mesmo por detrás de uma vidraça, se o vento toca as folhas estáticas, elas se movimentam. Então a gente vê o vento. Ah! o movimento.... mover em prol do próximo. Um dia Paulo recebeu uma orientação: “Faça caridade”. Mas ele não tinha recursos. Porém, foi insistido: “Use suas palavras”. Assim, ele decidiu falar aos corações. Agora suas palavras doces, como o abraço de um anjo, transportam consolo e alegria àqueles que carecem de uma palavra amiga. Materializou-se o amor através do seu "Jornal Amigo", "Falando aos Corações", De onde surgiu esta obra, Redenção! Título muito apropriado, que nos traz a idéia da maior prova de amor ao próximo, que se efetivou na história da civilização deste planeta. História Daquele que padeceu deixando que O consumisse o martírio da cruz, causando à Humanidade um impacto tão grande, a ponto de chegar aos nossos dias todos os Seus ensinamentos, sem os recursos gutenberguianos que só vieram a beneficiar os passos da tecnologia, muitos séculos depois. Tudo para nos salvar da ignorância, da incredulidade; para aprendermos com Ele e fazermos como Ele fez, só o bem. Cada um faça o que puder. Deus não exige de nós o impossível. Tudo a seu tempo. Não se pode colher o fruto verde da árvore. Estamos a caminho do amadurecimento, a caminho da salvação. Por isso, infelizmente, até hoje, os ensinamentos de Jesus ainda não foram bem compreendidos. Voltamos à história do movimento das folhas ao vento. Disse Jesus: “A cada um de acordo com a sua obra”. Temos que agir e nos instruirmos nas lições de moral deste Rabino que veio falar do Pai. Se Deus é a nossa necessidade maior, por que não divulgarmos a forma mais eficaz de encontrá-lo? Ele está em nós mesmos. Por que muitos se envergonham de falar de Deus? O homem em suas pesquisas científicas, mede as profundidades das águas do mar, examina toda a Criação, cuidadosamente; estuda a flora, a fauna, adentra o mundo infinito do átomo, explora o espaço incomensurável, preocupa-se com as vidas alheias, mas se esquece de olhar em sua própria direção, se questionar, observar seus impulsos, estudar suas atitudes, analisar suas fraquezas e resistências, enfim, se auto-conhecer e, fazer deste auto-conhecimento uma ponte para realizações maiores, de conformidade com a Lei que está inserida em sua própria consciência: A lei de amor. Servimo-nos de Confúcio, cerca de 600 anos antes de Cristo, que já dizia na sua lei de ouro: “Não fazer ao próximo o que não queira que façam a ti”. E, no exemplo do Mestre Maior, Jesus: “fazer ao próximo aquilo que queira que façam a ti”. Só não entende essas máximas quem não quer. Como dizem certos amigos da tribuna espírita: “É difícil? é. É impossível? não.” Temos que começar. Por isso a importância da auto-análise. Das boas leituras, da reflexão, da meditação, da disponibilidade em aceitar novos conceitos que fazem sentido. Porém, isso depende deste amadurecimento espiritual a qual estamos sendo submetidos. Comparemos a nossa mente, a nossa capacidade de compreensão a uma árvore que vai, pouco a pouco, amadurecendo os seus deliciosos frutos. Jesus, conhecedor das coisas e sabedor da insuficiência da mente do homem da sua época, falou por parábolas usando um vocabulário simples, exemplos comuns como: semente de mostarda, festa de casamento, túnicas, figueira que secou, as criancinhas, o camelo no furo da agulha, a espada, a mão esquerda e a direita... uma infinidade de exemplos, que se fossem dados hoje, com certeza Ele citaria termos atuais, que trouxessem o mesmo sentido aos seus ensinamentos de origem. Imaginem, Ele explicando aos discípulos, na época de hoje que João Batista era o Elias que havia voltado, ou dizer a um moderno Nicodemos, "É preciso nascer de novo". (um Nicodemos à imagem do Dr. Sérgio Felipe, ou Dra. Marlene Nobre, da USP, ou dr. Bryan Weiss, ao simplesmente, Chico Xavier...) Deixemos as crenças. Vamos ao que interessa o caro autor Paulo Bosco. CONSOLAR! Falar, em linhas acessíveis aos nossos corações, do poder do amor e da fé, da necessidade da fraternidade, da alegria e de um novo amanhecer a cada dia, trazendo o sol maior para os nossos espíritos em evolução. Importa o sentido e nele está enxertado a primeira necessidade: Deus!

Obrigado querida Norma,
Eu viajava duzentas milhas (320 quilômetros), ida e volta, à noite no congelante frio do inverno de Nova York para assistir à palestras em reuniões espíritas, a irmãzinha que dava o recado daquela noite, por descuido ou acidente, disse que orações decoradas não tem efeito. Surpreendido, pois a única que eu me utilizava tinha sido minha avó materna que mo ensinou e ainda assim em alemão, quarenta anos depois eu ainda a repetia e mais surpreso ainda ouvi a senhora ao lado murmurar: “meu Deus, mas toda a minha vida rezei oração decorada, Tu então não me ouviste?” ... Um tanto embaraçado, afastei-me daquela casa, comportamento injustificado, já que tantos outros palestrantes me falavam ao espírito, dentre eles uma, particularmente eu admirava pela simplicidade, humildade e força de fé nas palavras que proferia, a via como uma estrela iluminando corações. O tempo passou e já saudoso das reuniões, soube de uma outra recém inaugurada casa espírita, fui conferir e lá, como dirigente, estava ela, iluminando a todos com seu sorriso franco e coração caridoso, lá estava ela falando de Deus, de Jesus com tantã intimidade que tive de retirar os óculos embaçados para poder ver, lá estava ela que hoje tenho a honra de ter como amiga e meu eterno agradecimento por um dia ter dito ... Paulo, você deveria escrever um livro! ... aí está ele Norma e, meu muito obrigado por dedicar seu tempo para ilustrar este humilde trabalho.
o autor

Parte I Editoriais

Shirley o Anjo Negro
Foi uma vez, lá nos confundós do estado de Virgínia, (Upperville não adianta procurar porque não está no mapa) em um lugar de ex fazendas de gado leiteiro, agora fazendas de caça à raposa e criação de cavalos para jogos de pólo, lá onde os milionários e políticos americanos brincam de gastar dinheiro é que encontrei ou melhor, trabalhei junto com uma santa, uma senhora de sessenta anos, quarenta na aparência física, vinte na disposição e mil anos de experiência na evolução da virtude AMOR. Shirley é o seu nome, de pele negra, família enorme, a mãe ex cantora de blues em Nova York City e primeira voz no coro da igreja. Upperville e redondezas foi palco de inúmeras batalhas na guerra civil americana, onde irmãos de mesmo sangue duelaram em defesa e ataque por aqueles que vestiam o corpo com pele diferente da branca. E dessa luta de justiça por injustiças, provalmente é que naquele local de tristes recordações é que espíritos como o da Shirley, encarnaram. Shirley, devota a Deus e fã incondicional de Jesus, acredita na existência do espírito, mas por falta de conhecimento técnico, duvida da encarnação, mas gostava de me inquirir, dizia achar interessante minhas “teorias” e sempre que podíamos lutávamos para defender nossos pontos de vista, eu armado com minha bagagem Kardecista e ela, ela só tinha no verbo as palavras humildes de Jesus, eu tentava mostrar a correlação mas tinha que ceder, seus argumentos estavam atrasados 150 anos mas ela falava de prática e eu de teoria. Um dia, a solidão que já me acompanhava há cinco anos, apertou forte, Shirley, curiosa, argüiu-me sobre o “funcionamento de um Centro Espírita”, contei acrescentando experiencias maravilhosas pelas quais, por caridade divina, vivenciei. Ela me deu um panfleto igual a tantos outros que já tive oportunidade de ler, das igrejas Evangélicas, até por que sou Luterano por batismo. Bem.. atento ao texto escrito pelo pastor local, surpreso, pude observar que se tratava claramente de mensagem intuída, pareceu-me o caso de mediunidade inconsciente, aí então, Shirley convidou-me para ir à uma das igrejas em que ela freqüentava e para minha total surpresa, tratou de esclarecer que se tratava de igreja de “negros”, mas que eu e qualquer outro de minha “raça” seriamos muito bem vindos… Fui…segui-a em meu carro, e em meio de um campo gramado, literalmente dentro da floresta (se é que ainda existem florestas nos USA), estava aquela igrejinha típica, torre, sino, toda branca e fechada. Seria o frio do inverno? Não! Quem vê televisão sabe que não. Fomos recebidos pelo “porteiro”. Este é meu amigo Paul, a resposta foi um carinhoso abraço com “bem-vindo irmão”…adentrei, o impacto que tive, foi desconcertante, por segundos, pude sentir o que milhões de irmãos de pele negra sentiram e provavelmente ainda sentem em ambientes totalmente de brancos. Ainda nestes segundos, dei graças a Deus por ser brasileiro e poder sentir me à vontade naquele ambiente totalmente inédito para mim. O interior simples, a cruz no altar e o Cristo negro. Sentei-me ao lado da minha amiga e esclareci não estar acostumado com os “serviços”. Nosso único serviço é servir a Deus, esclareceu…recolhi-me em orações tentando ler a bíblia com meu inglês de “cozinha”… meu coração já se aquietava das novidades quando, todos começaram a se aproximar de mim e, entre espantado e emocionado, fui, literalmente abraçado por todos sem exceção, do pastor ao porteiro (novamente), as palavras? Não saberia repetir, mas eram doces, suaves e tocavam profundamente ao coração. Acostumado a ver em cartões anjos brancos, nunca poderia imaginar que existiam tantos anjos negros. Em seguida a missa? Não! Em seguida um show de cantos bem ritmados e vozeirões afinados que Deus, bem a propósito, reservou à minoria negra. Bem, sem querer me alongar, pois bem sei que não tenho habilidade para transcrever os sentimentos de profundo bem estar (como se tivesse recebido um passe) que vivi naqueles instantes. Finalizando posso dizer que senti-me ligado novamente, e entre sorrisos e lágrimas ouvi e transcrevi o texto, que foi dito por uma jovem alegre e sorridente, que representou com arte de quem tem a alma pura, a Conversa com Deus.

Eu pedi a Deus que me livrasse da dor, Deus disse, “Não”.
Ele disse:
“Sofrimento resignado na fé, eleva seu espírito e traz você para junto de Mim”.
Eu pedi a Deus que evoluísse meu espírito e Deus disse “Não”.
Ele disse, que eu preciso crescer por mim mesmo, mas que Ele irá podar-me e frutificar-me.
Eu pedi a Deus que me retirasse o orgulho e Deus disse “Não”.
Ele disse, que não cabia a Ele, mas a mim o esforço de conseguir.
Eu pedi a Deus que fizesse sã, minha criança deficiente, e Deus disse “Não”.
Ele disse, que o espírito da criança é saudável, mas o corpo temporário.
Eu pedi a Deus que me concedesse paciência e Deus disse “Não”.
Ele disse, que paciência é uma virtude, ela não é concedida, é conseguida.
Eu pedi a Deus que me fizesse alegre e Deus disse “Não”.
Ele disse, que me abençoaria, mas a alegria seria minha decisão.
Eu perguntei a Deus se Ele me amava, e Deus disse “SIM”.
Ele disse que me amava, por isso Ele me criou.
E então Ele me deu Sua amizade, Sua permanente Presença,
Seu Filho, Seu Profeta, a Porta que me leva a Ele e Sua Glória.
Aquele que não recebeu essas graças, não amou.
Eu pedi a Deus que me ajudasse a amar ao próximo assim como Ele, Deus,
me ama, e Deus disse…
“Ah!… Finalmente você pegou a idéia”.

A Caminho Do Conhecimento
O homem em evolução sempre procura o conhecimento como um meio necessário à sua própria existência. Como ser racional ele deixa de seguir a instintos promovidos pelo ambiente onde vive para, com o uso da razão, desenvolver a sua melhor forma de viver. A complexidade desse processo permite que tudo ocorra de uma maneira que parece ser sutil, simples e ao acaso. Somente é possível enxergar uma pequena luz desse processo se for analisado com base na evolução do espírito. Evidentemente os diferentes graus evolutivos de cada ser humano, promovem as diferentes formas de busca do conhecimento conforme a necessidade de cada um. Na sobrevivência num meio hostil, adquirem-se os conhecimentos imprescindíveis a continuidade da vida. Toda doença tem sua cura graças ao conhecimento adquirido em seu devido tempo, mas novos desafios aparecem indefinidamente, caso contrário, a busca do conhecimento nessa área seria desnecessária. A necessidade da nutrição para sobrevivência do corpo, faz com que o homem caminhe no avanço tecnológico em busca da quantidade de alimento para a manutenção da vida no planeta. Da mesma forma, observa-se a necessidade da busca do conhecimento em todas as áreas de atuação da vida no homem na Terra. E no comportamento individual e convivência do homem em sociedade? O conhecimento é fruto da evolução individual de cada pessoa. Assim, ele é gerado de acordo com que cada um deseja no momento. Se um indivíduo tem sede e necessita de água, ele terá que beber de alguma forma, mas muitos sabem que uma água limpa e potável é melhor do que uma água suja e poluída. A evolução de bens materiais também ocorre conforme as necessidades e o desejo de cada indivíduo. Para uns a vontade predomina sobre a razão em todos os sentidos e a vida parece caminhar como uma máquina programada para executar um serviço. Vive-se assim conforme caminha a vida geral da comunidade. As pessoas agem individualmente e raramente se preocupam com o próximo. Reza-se para não aparecer dificuldades e faz-se tudo da maneira mais simples possível evitando o aparecimento de qualquer problema ao seu lado. Entretanto, as dificuldades estão presentes constantemente e promovem sofrimentos que parecem perpetuar eternamente. São pessoas incapazes de enfrentar uma competição para uma sobrevivência melhor. Acomodam-se passando longo tempo praticamente no mesmo ponto. Tem medo até de pensar, ou seja, de usar a própria razão. A fé é quase sempre inquestionável. Confia em Deus ou em Entidades Superiores e aguarda passivamente o seu destino. As pessoas que vivem dessa maneira têm muita dificuldade em competir pela própria sobrevivência e vivem em constante alerta intuitivo. Os indivíduos que vivem num segundo tipo evolutivo, buscam o conhecimento da verdade através da certeza de que somente a honestidade ou a forma de vida em comunidade sem prejudicar ninguém é o caminho correto a se seguir. Não há o comodismo, luta pela sobrevivência questionando sempre o papel do próximo. O homem deve desenvolver o seu potencial, procurar viver com seus próprios passos para ter o direito de viver em sociedade. O conhecimento é uma busca constante em favor do maior conforto material, evitando os sofrimentos provocados pelo meio onde vivem. Mas o meio age sempre em ação de novos desafios, promovendo um círculo vicioso. Por exemplo, conhece-se a cura de uma doença e surge outra com características intrínsecas apropriadas com um novo grau de dificuldade para solução. Constroem-se locais mais confortáveis em detrimento da natureza e a própria natureza se modifica lançando novos desafios para se manter adequados. Da mesma forma, a fé é inquestionável e o único obstáculo para a reflexão coletiva é o medo da morte e a possibilidade de um julgamento desfavorável permitindo a sua vida em um local pior do que a que possui. Outros indivíduos nunca estão satisfeitos com o que são e buscam o conhecimento da verdade a qualquer custo. A vida parece ser momentânea e há uma preocupação maior não com o estado individual das coisas e sim com a satisfação pessoal em ver a vida como um todo em harmonia. A sua individualidade é considerada como essencial para o Espírito, ou seja, a sua vontade própria é fundamental para a liberdade de pensamento. A competitividade existe mas com respeito ao próximo, inclusive sacrificando-se em determinadas situações. O conforto deve ser fruto do seu trabalho mas preocupa-se com a necessidade geral onde vive. A fé é questionável e a razão é a linha mestra de toda a sua conduta, pois confia na racionalidade do homem como um dos mais fortes meios em favor da vida. A razão é considerada como dádiva de Deus, ou se não, caminha em busca de outra forma de pensamento e nada é aceito sem o crivo da sua própria razão. Inúmeras outras variáveis certamente existem entre esses três tipos de pessoas. Mas o que isso importa? A procura da verdade é imprescindível a uma vida alegre e feliz. O homem a caminho da verdade segue ao lado da CIÊNCIA e a medida que o planeta evolui, a ciência desperta novos interesses anteriormente desnecessários. O terceiro milênio será o marco de grandes avanços da ciência em relação a verdadeira fonte de conhecimentos necessários a evolução do homem. Dogmas e fé cega cairão por terra e a caracterização da verdadeira vida, despertará os grandes temas científicos. O conhecimento do Espírito, a vida após a morte, a vida antes da vida terrena, a vida em outros planetas, as fontes energéticas a serviço do homem e da natureza, a atuação da medicina na auto-cura de doenças e a comunicabilidade serão o futuro próximo.

O Porque
Foram bons tempos atrás, quando após muitos anos como ouvinte atento, passei a colaborar com o Grupo Fraterno do Lar de Frei Luiz e assim tive a oportunidade de sentir como tantas pessoas precisam ouvir uma palavra de esperança e incentivo, para suportar o peso das provas diárias que é o desafio da vida. Chegando nesta terra estranha, trouxe a esperança de alguma forma continuar no trabalho de divulgação da minha preciosa coleção de mensagens coletadas em livros, internet e colaborações dos amigos. Iniciei com o Bom Dia Meu Pai, e considerava meu projeto de caridade como missão até que um dos amigos, desinformado das coisas do coração, julgou-me louco ... aprisionando meu entusiasmo, mas agora, recuperado e livre, deixei de lado minhas pesquisas nas publicações tecnológicas para dedicar meu tempo livre à divulgação do milagre da vida. Afinal, muitos são aqueles que escrevem sobre os temas materiais e poucos são os que escrevem livres dos dogmas eclesiásticos, portanto, este Jornal Amigo se conseguir um único leitor que evolua suas atitudes na direção de sua felicidade, estarei recompensado. Nesta edição, iniciamos, com a ajuda e inspiração dos bons anjos, um trabalho em capítulos destinado ao esclarecimento espiritual com relação aos genocídios diários ainda cometidos pela humanidade pela falta de amor ao próximo.

Pérolas
Há certas pérolas que que não devemos deixar que fiquem restritas a poucas pessoas e também escondidas em conchas no fundo dos livros, assim peço licença para pegar carona no Ponto de Luz, periódico liderado por minha amiga Norma Guimarães, até porque faz bem a razão maior do nosso anunciador, divulgando o amor e a fé raciocinada a todos os que tiverem ouvidos para ouvir.
Quem é o Cristo?
Nas trilhas desses dois milênios que nos separam da vinda do Senhor ao campo das formas terrestres, prosseguem as incontáveis interrogações em relação a essa figura ainda controvertida, em face da estranheza causada por Sua forma de ser, por sua maneira de relacionar-se com as pessoas e com as coisas, em geral. Surgem perguntas dos que O querem seguir, dos que O admiram, O esperam, ou dos que Nele não crêem, e zombam Dele. Era Ele, porventura, um deus? Era Ele o próprio Deus? Era um homem comum? Um intergaláctico visitando a terra? Um iniciado? Um rebelde? Um fora-­de-lei? Um guerreiro? Um mago? Era um anjo? Um curandeiro? Um milagreiro ou um paranormal? Era o que, afinal? Seus Discípulos disseram que Ele era um dos antigos profetas retornado do vale da morte, em nova roupa carnal, conforme o povo acreditava. Simão Pedro afirmou que Ele era o filho do Deus-vivo, o Cristo. Os fariseus disseram que Ele era o príncipe dos demônios. Outros o nomearam como o Senhor dos Espíritos... Entretanto, Ele mesmo a Si atribuiu variadas posições e funções no seio das massas humanas. De tudo quanto Ele afirmou ser, depreendemos que Ele se fez tudo para todos, entendendo cada criatura, e dando atendimento às múlti­plas carências de cada individuo quanto das coletividades humanas. Quem é o Cristo, então? Por mais que renomados teólogos O tenham caracterizado, definido, limitado, cerceado e enquadrado, a verdade é que Ele - o Cristo Excelso, o Messias esperado - prossegue sobranceiro, socorrendo a pequenez humana, ultrapassando toda possível definição ou enquadramento que se Lhe queiram dar. Em tempos enfermiços do mundo, quando fobias diversas, síndromes de pânico e de desconfiança, inimizades e superficialidades nos relacionamentos vêm fazendo tantas criaturas grandemente infelizes, sem coragem, sem ânimo, desanimadas, desalentadas e nesse mar revolto de desatinos, parece que, ao longe, ouvimo-Lo dizer cheio de inefável ternura e entendimento: “Sou eu. Não temais!” Espírito Angélico, prossegue de braços abertos para todos nós (não pre­gados na cruz, mas para nos abraçar e amparar) cheio de esperança de que nos soerguiremos para os Altos Céus por meio de nossos resolutos esforços, pelos tempos afora, sob o olhar do Criador.
Viver Novamente
Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros, não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico, correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria montanhas, nadaria nos rios e me tostaria nas praias. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos salada, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu sou uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto, tive, é claro momentos de alegria, mas se pudesse voltar a viver, trataria de aproveitar mais e melhor os bons momentos. Sabemos que o estudo, o trabalho e as dificuldades nos fazem crescer, entretanto, a vida a ser vivida é feita dos bons momentos, momentos que devemos registrar na mente para lembrarmos sempre, não com fotos que ficam guardadas em precioso álbum na gaveta. Eu fui um desses que nunca sai de casa sem termômetro, casaco e para-quedas, se voltasse a viver, andaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço, daria mais caminhadas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez, uma vida pela frente…
Os Brutos Também Amam
O certo é que o amor é a mais importante motivação da vida. Amam-se os selvagens, os animais e os brutos também amam. Amam-se os boêmios, os poetas e os puritanos. Amam-se enfim, de uma forma ou de outra, todos os habitantes deste planeta. O amor é uma conquista da natureza instintiva; começa com um aceno, um olhar, uma palavra…um pulsar do coração e, tem seu clímax no artificio da natureza para perpetuação da espécie. Mas existe também outro amor, que caracteriza o ser superior e o santifica. Este amor teve o Cristo pela humanidade, Gandhi pelos ingleses, Martin Luther King por seus irmãos, Madre Thereza e tantos outros que dignificaram o homem como um ser instintivamente bom. Você também, amado leitor, é dotado desse amor em maior ou menor quantidade. Quando se equilibram os dois tipos de amor, você começa a crescer espiritualmente.

Sensibilidade Feminina
Há algumas edições que, sem alternativa, e em razão da nossa missão em defesa da vida uterina, quando vimos defendendo, pelo menos na não legalização deste crime contra um ser indefeso, nossas palavras podem ter, inconscientemente e com certeza sem nenhuma intenção, machucado a sensibilidade feminina em seus indiscutíveis direitos e liberdade de decisão quanto à sua vida. Sabemos também, que a maioria de nossos queridos leitores são mulheres, assim, apesar de confessar que continuaremos firmes na defesa do anti-aborto, queremos deixar aqui nossas desculpas se palavras duras, mas necessárias, foram escritas…e ainda, no mais sublime respeito a todas as mulheres, publicamos a seguir nossa homenagem, nas sábias palavras de Victor Hugo.
O Homem e A Mulher
O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar. O trono exalta; O altar santifica. O homem é o cérebro; A mulher o coração. O cérebro produz a luz; o coração o amor. A luz fecunda. O amor ressuscita. O homem é um gênio; A mulher um anjo. O gênio é imensurável; O anjo indefinível. A aspiração do homem é a suprema glória; A aspiração da mulher a virtude extrema. A glória traduz grandeza; A virtude traduz divindade. O homem tem a supremacia; A mulher a preferência. A supremacia representa a força; A preferência o direito. O homem é forte pela razão; A mulher é invencível pela lágrima. A razão convence; A lágrima comove. O homem é capaz de todos os heroísmos; A mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece; O martírio sublima. O homem é o código; A mulher o evangelho. O código corrige; O evangelho aperfeiçoa. O homem é um templo; A mulher um sacrário. Ante o templo, nós nos descobrimos; ante o sacrário, ajoelham-nos. O homem pensa; A mulher sonha. Pensar é ter cérebro sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é um oceano; A mulher um Iago. O oceano tem a pérola que o embeleza o lago tem a poesia que o deslumbra. O homem é uma águia que voa A mulher um rouxinol que canta. Voar é dominar os espaços cantar é conquistar a alma. O homem tem um fanal: A consciência. A mulher tem uma estrela: a esperança. O fanal guia e a esperança salva. Enfim o homem está colocado onde termina a Terra. A mulher onde começa o Céu. Victor Hugo 1802-1885.

JFK
Estamos às portas de virar, novamente, o calendário, mas desta vez não será a simples troca de ano, mudaremos também de milênio, o que pode significar muito ou nada, tudo dependerá de nós. Me perdoem por usar um exemplo americano, pois se no Brasil pensamos como brasileiros, aqui nos Estados Unidos é natural que pensemos como os nativos….mas como dizia, ainda está fresco nas memórias dos cinqüentões, a inspirada frase do JFK quando disse: “não fique esperando pelo que o seu país possa fazer por você, e sim pense no que você pode fazer por seu país”, assim, parafraseando, gostaríamos de dizer que não devemos ficar esperando milagres no terceiro milênio, até porque o planeta não tem só dois mil anos…pense no que você pode fazer, por você mesmo e por seu semelhante, para tornar o ano 2000, que seja, um marco na evolução de respeito e amor ao próximo, fazendo sua parte com determinação, trabalhando, zelando pela natureza e por tudo aquilo que temos ao derredor, porque, se não for muito, com certeza é aquilo que merecemos.

Novo Século
Prezados Leitores, Amigos deste Falando Ao Coração. Deixamos aqui nossos sinceros agradecimentos pela atenção e paciência para conosco. Desejamos um ano novo de paz, muita compreensão, paciência com nossos irmãos, tenacidade para vencer os obstáculos de cada dia que são sempre uma oportunidade que Deus nos dá para tentar um novo salto para um novo degrau de ascendência da evolução e que, vivamos a vida, a verdadeira e única que realmente importa, a vida de dar e receber amor, de ensinar e aprender sempre, melhorar e evoluir a cada dia. Provavelmente, nem tudo saiu como queríamos nesse final de século, Perdemos oportunidades, talvez amores, saúde ou dinheiro. Vimos catástrofes, guerras e devastações por todo o planeta. Em nossos corações, quantas vezes a raiva e os desentendimentos ocuparam os lugares destinados a paz e ao respeito? Mas nada disso deve tirar-nos a alegria desses últimos dias. Não devemos finalizar os um mil e novecentos com a sensação de derrota que tantas vezes sentimos em outros finais de ano. Ao contrário, fecharemos mais um ciclo com a tranqüilidade de ter feito o melhor que pudemos, seja junto aos nossos familiares, amigos, colegas e todas as pessoas com quem mantivemos contato durante esses quase 365 dias. Nesse último encontro do ano, desejamos a todos que não estão se sentindo bem, que tirassem de seus corações a má-vontade, o desânimo, o baixo astral… trocando por mais amor, mais paz e alegria. Que esses derradeiros momentos de século, sejam de reflexão, de uma verdadeira conversa íntima, onde cada um tire as máscaras que usou e aceite seu verdadeiro eu. O que precisar mudar, que mude, com a confiança de ser para melhor, o que já conseguiu de bom. Feliz Novo Século.

Novas Oportunidades
O conjunto de dificuldades que enfrentamos na vida, não é decorrente de uma condição irrevogável, imposta pela vontade divina. Podemos dizer até que Deus não tem nada a haver com estas lutas que surgem em nossas vidas, porque quando Ele concedeu-nos a liberdade de ação, confiou também em nossa capacidade de solução dos desacertos que cometemos na vida. Quando nossos filhos não estudam depois que lhes proporcionamos os devidos cuidados na escolha da escola, matrícula, material didático, transporte e alimentação ajudando nos deveres de casa e lhes damos vestuário, saúde e carinho perdendo noites a fio nas vigílias de preocupações e no final do ano letivo, temos a tristeza de saber que eles não passaram de ano, vamos à escola e deparamos com a triste realidade: Nossos filhos não foram às aulas e quando foram, não prestaram atenção, eram rebeldes com os professores, enfim, não eram responsáveis como imaginávamos! Que fazer? Somos nós os culpados? Onde falhamos? …E aí eles tem de repetir as mesmas lições, mas não nas mesmas condições tão favoráveis como antes, seria mesmo necessário vigiá-los mais e não proporcionar-lhes tantas facilidades, para que aprendam a valorizar as possibilidades recebidas e os sacrifícios dos que os amam. Poderão alegar agora que lhes imputamos normas mais rígidas. E aqueles outros filhos que aproveitaram as primeiras oportunidades concedidas, também eles podem dizer que somos maus e sem senso de justiça, exigindo deles muito empenho, para poder conseguir tudo o que querem. Quando corrigimos um filho para que ele se ajuste à vida, à família e à sociedade em que está inserido, estamos sendo com isto cruéis? Quando levamos nosso filho doente ao médico e lhe é receitado uma injeção salvadora, incomoda, pensamos na recuperação de sua saúde, estamos fazendo tal coisa por puro e elevado amor. E aquela vacina que a criança chora tanto? Embora penalizados, sorrimos pensando na doença às vezes fatal que será evitada. Também Deus usa de profilaxia para nos poupar de problemas vários e nós, rebeldemente choramos e lamentamos sem razão. Mas, se nossos filhos permanecem revoltados, os enviamos para uma condenação sem remissão? Ou na condição de pais amorosos que somos, vamos acompanhá-los mais de perto e dedicar-lhes mais carinho e impor-lhes mais responsabilidades? Claro que sim, fazer com que errem menos e acertem mais, ainda que para tanto, tenhamos que negar-lhes algumas regalias e para determinadas coisas, tenhamos que dizer não. Não porque não mereçam, mas porque no grau de dificuldades em que se encontram, não saberão fazer bom uso. Somos todos crianças espirituais e alunos nesta vasta escola do mundo, nas classes da vida. Cada reencarnação, é uma oportunidade de recapitulação das lições que ainda não aprendemos ou esquecemos. E isto não é castigo, é oportunidade. E a quem culparemos senão a nós mesmos, pela incúria e incapacidade de aprendizagem? A nossa dificuldade de aceitação ou mesmo compreensão, está na razão direta de nosso egoísmo em pensar que não erramos no passado e a revolta que sentimos, é decorrente de nossa arrogância, não do presente, mas da atávica herança de nós mesmos, recalcadas em nosso subconsciente espiritual. Dificultando nossa visão no presente, diante de nossa própria realidade interior, hoje, exposta a novas conquistas, exigindo mudanças, pedindo alterações na forma de ver a vida, de comportamento, de agir. Nossas ações infelizes, do uso abusivo de nossa liberdade de escolha, de nossos prazerosos erros, de nossos pontos de vista exclusivistas que compactuaram com nossos vícios e desvios. E se assim não fosse, a exemplo da comparação com nossos filhos, como aprenderíamos a lição? Na invariável condição de alunos, o que nós temos hoje, são as conseqüências naturais de nossas escolhas. As reações de nossas ações. Não é castigo de Deus e nem imposição do Criador para irmos ter com Ele. O que temos é auto promovermos a condição de bons alunos, galgando posições na escala evolutiva, que só alcançaremos, sob o peso do esforço pessoal, e como pai amoroso o Criador também nos dá sempre novas oportunidades, renovando nossas esperanças, a cada reencarnação.

Carta Abusada
Prezado Senhor, meu Deus. Sabes que eu não costumo pedir, pois quando abro meus olhos todas as manhãs e vejo mais um dia começando, agradeço. Sei que tenho demais. Sei que o Senhor me fez perfeito, capaz e com potencial para alcançar tudo o que quiser. Me sinto grande e por isso sempre achei que pedir mais é um abuso. Mas existem algumas coisas que fazem com que eu me sinta bem pequenininho e mais frágil que aquela florzinha peluda que parece um pompom e se desmancha com o vento ou quando a gente sopra. Essa chuva está fazendo com que eu me sinta assim. É, eu sei, e me dói mais ainda, ver que muitas das tragédias que ela está causando tem origem no erro humano. No desmatamento, nas queimadas, na falta de infra-estrutura para escoamento urbano, nas casinhas pobres e mal construídas penduradas nos morros, nas estradas mal planejadas, num acúmulo de erros que tornam essas situações muito mais graves do que na verdade poderiam ser. Perdoe os homens, Senhor, e tenha, uma vez mais, paciência e tolerância com a gente; como se tem com os erros de uma criança. Estamos crescendo, aprendendo e amanhã seremos melhores do que fomos hoje. Abra o seu imenso guarda chuva para abrigar os adultos que perderam quase tudo, mas que ainda têm dignidade e os seus filhos nos braços. Ilumine o dia, a nossa mente e o nosso coração para que possamos enxergar e aprender a lição da semana e ensinar o que aprendemos para os demais. É isso, meu querido Deus, quando vejo as enchentes, os terremotos, a seca, a fome, as guerras e pessoas que já sofrem tanto, sofrerem ainda mais é que me sinto impotente, como aquela florzinha peluda. E sinto muita vontade de pedir ao Senhor para interferir nos métodos de ensino utilizados até aqui com os seres humanos. Perdoe-me também pelo meu atrevimento. Assina, Seu filho querido.

Velhice
A grande defesa contra a velhice é a capacidade que ainda temos de acreditar em nossos sonhos. Não existe nada tão real quanto um sonho. Ele é o caminho que existe entre o que somos, e o que desejamos ser. A realização de uma vida não é o dinheiro nem o poder. É a alegria. O sonho é aquilo que nos unirá, no futuro, com a pessoa que somos neste instante. Jovem, e cheia de esperança. Seguremos, portanto, esta bênção com toda a força que pudermos e trabalhemos por ela. Desta forma, poderemos envelhecer, mas nunca seremos um velho. A lembrança é como o sal, “a quantidade certa dá o tempero à comida, mas o exagero o estraga”. Quem vive muito no passado. acaba sem o presente para recordar. Quando plantamos uma roseira, notamos que ela fica dormindo muito tempo no seio da terra, mas ninguém ousa criticá-la dizendo: “você não tem raízes profundas ou, falta entusiasmo na sua relação com o campo”. Ao contrário, nós a tratamos com paciência, água e adubo. Quando a semente se transforma em muda, não passa pela cabeça de ninguém condená-la como frágil, imatura, incapaz de nos brindar imediatamente com as rosas que estamos esperando. Ao contrário, maravilhamo-nos com o processo de nascimento das folhas seguido dos botões, e, no dia em que as flores aparecem, nosso coração se enche de alegria. Entretanto, a rosa é a rosa desde o momento em que colocamos a semente na terra até o instante em que, passado o período de esplendor, termina murchando e morrendo. A cada estágio que atravessa - semente, broto, botão, flor - expressa o melhor de si. Também nós, em nosso crescimento e constante mutação, passamos por vários estágios, vamos aprender a reconhecê-los, antes de criticar a lentidão de nossas mudanças.

A Distância Não Consegue Desfazer Os Sonhos De Um Homem ...
É verdade, mas poderíamos perguntar: Como vai a vida? Problemas desaparecendo? Sorriso se abrindo, coração mais leve? Engraçado o que faz um sorriso, mesmo quando estamos tristes basta esboçar um sorriso, segurá-lo na face e pensar em coisas boas, lembrar daqueles que nem podem ter esta chance. A tristeza com certeza irá embora mas, se persistir então aumente a dose e transforme o sorriso em riso, gargalhadas e seja feliz. Às vezes, nós acreditamos nas explicações que recebemos, sobre alguma coisa que não compreendemos, aceitamos a explicação e consideramos como normal, passando a fazer parte da nossa vida, assim como a televisão, o telefone, o rádio e por aí vai. Será que dá para acreditar? A força do pensamento, quando acreditamos em algo e forçamos a existência da nossa credibilidade no pensamento, conseguimos realizar essa crença mas, por vezes, vem a decepção por não conseguir. Culpa de quem? A fé foi bastante? foi verdadeira? Pura? Será que não restou uma ponta de descrença? Por isso muita coisa não realizamos, nos falta a fé, plena, coisas que parecem impossíveis de realizar, a cura de um câncer, a volta à vida, quando os médicos já assinaram um óbito. Não é preciso ir muito longe e nem forçar uma crença muito complexa, apenas começar com uma coisa simples, vamos raciocinar: O homem acreditou no telefone, teve fé e aí está um aparelho cada vez mais sofisticado, complexo, inexplicável, mas funcionando. A matéria é mutável e nós podemos moldá-la do jeito e maneira que quisermos, é uma verdade, se soubermos acreditar nessa verdade, pensem no que já foi feito, que parecia impossível, aviões de muitas toneladas voando, sendo sustentado por turbinas que nem chegam a um décimo do tamanho do que transporta ... loucura, se pararmos para analisar os fatos... alguém que tornou-se célebre por todos na área da física aerodinâmica, deu uma de Deus e disse: voe, e o avião voou. Incrível, a bíblia tem uma passagem que diz: Se tiveres fé a montanha virá até você, outras passagens narram as curas que Jesus, nosso irmão, fez ao longo de sua jornada, cegos, estropiados, etc. então, voltando à velha tese de que se somos filhos do Pai celestial, nós, assim como o nosso irmão Jesus, temos o poder de transformar a matéria. Uma madeira vira uma arte, uma arquitetura, uma arma, ou uma outra matéria o carvão. Conseguimos transformar a areia em vidro e o barro em vasos de cerâmica, lindos. A luz comum em uma luz de feixe único e potente, o laser. Se pegarmos matérias sobre assunto cientifico iremos encontrar coisas que, se analisadas superficialmente, transformam-se, às vezes, em milagres. Precisamos acreditar em nós mesmos, buscando com fé, até encontrar...
Esta é Sua Vida
Nos convencemos de que a vida vai ser melhor depois que casarmos, tivermos um filho, depois outro. Aí, ficamos frustrados porque as crianças não são grandes ainda e achamos que ficaremos mais contentes quando elas crescerem. Então, nós somos infernizados por termos que lidar com adolescentes. Certamente, ficaremos felizes se eles passarem dessa fase. Falamos a nós mesmos que nossa vida estará completa quando nossos parceiros acertarem sua vida profissional, quando comprarmos aquele carro sonhado, quando viajarmos em ambicionadas férias, quando nos aposentarmos. Mas a verdade é: - Não existe melhor fase para ficar feliz do que agora mesmo. Se não agora, então quando? Sua vida sempre estará repleta de desafios. Melhor é admitir esse fato e decidir ser feliz de qualquer forma. Por um longo tempo eu achei que a vida estava prestes a começar, a vida de verdade. Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo que eu tinha que atravessar, algo mal acabado, uma dívida para se pagar e aí sim, a vida ia realmente começar. Finalmente, me ocorreu que esses obstáculos são a minha vida. Essa perspectiva me ajudou a enxergar que não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho! Portanto, valorize cada momento que você tem. E valorize mais os que você pode dividir com alguém especial, especial o bastante para gastar o seu tempo... e lembre-se que o tempo não espera por ninguém... Pare de esperar até que você se forme, até que você volte a estudar, até que você perca dez quilos, até que você ganhe dez quilos, até que você tenha filhos, até que seus filhos saiam de casa, até você começar a trabalhar, até você se aposentar, até você se casar, até você se divorciar, até sexta à noite, até domingo de manhã, até você comprar um carro novo ou uma casa nova, até você ter pago o carro novo ou a casa nova, até a primavera, até o verão, até o outono, até o inverno, até você sair do seguro-desemprego, até o primeiro ou o décimo-quinto, até a sua música tocar, até você ter bebido, até você ter ficado sóbrio de novo, até você morrer, até que você nasça de novo e decida… que não existe melhor hora do que agora mesmo para ser feliz... A felicidade é uma viagem e não um destino. Trabalhe como se não precisasse do dinheiro, ame como nunca tivesse sido ferido e dance como ninguém estivesse olhando.

Domingo
Em que pese o meu desejo de aprender, me manter ocupado, naquele domingo eu não estava disposto a qualquer esforço. Queria vagabundear sem rumo, sentindo a vida vibrando dentro e fora de mim em uma integração constante e agradável com a natureza, gozar a alegria de viver, de estar bem comigo mesmo, com Deus, com tudo. É delicioso podermos re­gistrar a própria força da vida, sem remorsos, nem pena, sem receios ou frustrações. Isso é a vida! Isso é gozar plena­mente dos bens que todos podemos desfrutar quando nos integramos às forças maravilhosas da criação. Sentir a delicia de mergulhar nas energias vivificantes e be­las, radiosas e naturais que nos circundam. Todos podemos gozar os mesmos benefícios, basta querer, porque essas forças de vida, divinas e superiores estão em toda parte, fazem parte da criação. Estão no ar que respiramos, nas formas de ma­téria, nos vegetais, nos animais -nossos irmãos inferiores-, na brisa que passa, na chuva, na água, nos raios solares, nas forças astrais, porque a vida é força divina em ação e jamais para, vai transformando os homens, elucidando, esclarecendo, mostrando, exigindo, dando, restringindo, tudo sob a força do Pai que nos ama e abençoa. Temos essa força, essas energias, é pre­ciso aprender a senti-las, e a mergulhar nelas procurando aprender suas leis de harmonia e de progresso. Estou descobrindo a maneira de senti-­las e quanto mais consigo ouvi-las ou percebê-las, mais compreendo a bondade de Deus e sua perfeição. É preciso ser um homem acordado para os reais valores da vida, para a natureza, e para a vontade de progredir. Sentindo a força da vida, a beleza da natureza, res­pirar a peito aberto, com alegria, as forças vivas que nos rodeiam. Para senti-las é preciso não esquecer que todos a possuímos. Fazem parte da Natureza. estão dentro de cada um, é só procurá-las. Claro que nas coisas positivas, na beleza, na luz, na alegria, na esperança, na confiança em Deus e no futuro. Saí querendo ser feliz, querendo misturar-me à natureza, ao canto dos pássaros, nada fazer senão sentir e observar a doce alegria de viver. Sai respirando a largos haustos e me sentindo menino de novo, com o coração cheio de esperanças em nós, homens que fazemos o mundo como ele é.
Fora De Moda
Se não estivesse fora de moda...eu ia falar de Amor. Daquele amor sincero, olhos nos olhos, frio no coração, aquela dor gostosa de ter muito medo de perder tudo. Daqueles momentos que só quem já amou um dia... conhece bem. Daquela vontade de repartir, de conquistar todas as coisas, mas não para retê-las no egoísmo material da posse, mas para doá-las no sentimento nobre de amar. Se não estivesse fora de moda... eu ia falar de sinceridade… aquele negócio antigo de fidelidade, ... respeito mútuo ...e outras coisas mais. Aquela sensação que embriaga mais que a bebida... que é ter, numa pessoa só, a soma de tudo que às vezes procuramos em muitas. A admiração pelas virtudes e aceitação dos defeitos, mas sobretudo... o respeito pela individualidade, que até julgamos nos pertencer, o direito de possuir. Se não estivesse tão fora de moda... eu ia falar em amizade. Na amizade que deve existir entre duas pessoas que se gostam. O apoio, o interesse, a solidariedade de uns pelas coisas dos outros e vice-versa. A união além dos sentimentos, a dedicação de compreender para depois gostar. Se não estivesse tão fora de moda... eu ia falar em família. Essa instituição que ultimamente vive à beira da falência, sofrendo contínuas e violentas agressões. Pai, mãe, irmãos, irmãs, filhos, lar... , o bem maior de ter uma comunidade unida pelos laços sanguíneos e protegidas pelas bênçãos divinas. Um canto de paz no mundo, o aconchego da morada, a fonte de descanso e a renovação das energias. Família, o ser humano cumprindo sua missão mais sublime de dar seqüência à obra do criador. E depois ... eu ia até, quem sabe, falar sobre algo como... a felicidade. Mas é pena que a felicidade, como tudo mais, há muito tempo já está fora de moda. Me sinto feliz por estar tão fora de moda...
E Por Falar Em Saudade
Eu gosto de gente com a cabeça no lugar, de conteúdo interno, idealismo nos olhos e pés no chão. Eu gosto de gente que ri, que chora, que se emociona com uma simples carta, um telefonema, uma canção, um filme, um livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago. Gosto de gente que ama e curte saudades, que gosta de amigos, que cultiva flores e ama os animais. Gente que admira paisagens, poeira e pé no chão, gente que escuta, que tem tempo para sorrir e tem bondade no coração, que semeia perdão e reparte ternuras, que compartilha vivências e dá espaço para emoções, emoções que fluem naturalmente de dentro do ser. Gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam. Gente que colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, um pobre ou um analfabeto. Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos baratos. Gente amor. Gente que erra e reconhece, cai e se levanta, apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentora suas lágrimas e sofrimentos. Gosto muito de gente assim... e sei que você também… e ainda, desconfio que é deste tipo de gente que Deus também gosta!

Bate Papo
Sempre achei o bate-papo um entretenimento delicioso. O diálogo oferece ocasião a sentirmos o pensamento do outro, e, o que é mais agradável, a exteriorização do nosso próprio pensamento. Por isso, sempre optei pela conversa a dois, ainda que ao telefone ou mesmo na internet. Quando estou só, procuro, tal qual o menino solitá­rio no faz-de-conta, o diálogo desejado e interessante repre­sentando o parceiro, fazendo os dois papéis. E isso é uma delícia. Dar asas à imaginação, poder perguntar sem reservas, sem convenções, sem preconceitos e colocar respostas na boca do outro. A tal ponto podemos chegar nesse jogo que às vezes somos surpreendidos pelas respostas inesperadas e interessantes. Como fazemos isso? Talvez liberando lados ocultos do nosso inconsciente porque se nós “não podemos ser” desta ou daquela forma, falar isto ou aquilo, o outro pode, a res­ponsabilidade é dele. A nossa censura não interfere. Pode­mos neste jogo criar vários personagens diferentes. Quem, na expectativa de uma conversa importante de cunho profissional, sentimental ou até de­sagradável, já não imaginou com antecedência, como ela se desenrolaria, colocando-se no lugar do interlocutor e criando o diálogo? O homem é o ser do diálogo, da expressão e não fala só através do verbo mas de atitudes, de gestos, por vezes mais autênticos do que suas palavras. Assim, eu que amo o diálogo, adoro conhecer gen­te, aprender a enxergar dentro do ser humano, continuo a procurar, conhecer, dialogar e embora não consiga ainda dei­xar de divagar, colocando respostas na boca dos meus interlocutores imaginários, constatei que às vezes a realidade, isto é, o diálo­go a dois — onde cada um assume a sua posição — supera a mais fértil imaginação. Se nos deparamos com pessoas defendendo os mais incríveis pontos de vista e talvez isso represente uma das belezas do nosso mundo, encontramos também cria­turas tão originais que tornam insignificantes as nossas mais ousadas fantasias. A confusão que anda pelo mundo sobre tal coisa se deve por certo à imaginação um tanto fér­til de cada um que a seu modo idealiza a vida. Naturalmente nos chocamos fantasiando a nos­so respeito, procurando até artifícios sutis para nos enganar­mos pelos caminhos da nossa mente, criando uma imagem que gostaríamos de ser e encobrindo o que somos, é óbvio que enxergar essa realidade temida é quase sempre não mui­to agradável e provoca reações dolorosas.

Detenha As Horas Relógio
Ouvia o relógio do tempo contando as horas e pedia: Detenha as Horas Relógio. Acreditava na corrida desigual, marcada no movimento de todas as coisas que andam sempre sem jamais parar ou voltar atrás. E aqui estou eu, como nunca deixei de estar, na luta para vencê-lo. Mas, pensando bem, vencê-lo por quê? Quantas vezes, quando estamos felizes, tentamos deter-lhe a marcha para que nossa alegria não se acabe. Outras, quando a dor nos visita, em suas múltiplas formas, e os minutos se tornam horas, queremos que ele passe depressa. Ele, tanto quanto a vida, obe­dece indiferente e inalterado às determinantes das Leis de Deus. Se esquecermos nossas má­goas passadas, olhando-o com realismo, chegaremos até a encará-lo como um amigo que sempre tem contribuído para nosso amadurecimento. Se por conta e obra do dono de tudo, do Pai Criador, o tempo parasse e tudo parasse com ele, seria o caos. Há quem diga que o mundo já está no caos, e pode até ser verdade se levarmos em conta apenas o que os homens estão fazendo dele. Porém, o mundo tem um governo espiritual através do qual Deus con­tinua no leme. Se assim não fosse esta nave tumultuada há muito já teria naufragado. E esse governo usa o tempo, uma das sábias determinações de Deus, para ir ensinando aos ho­mens tudo aquilo que eles precisam aprender. Tinha tudo planejado e muita pressa em tudo que fazia. Afinal, tantas coisas ainda por fazer. Tantos sonhos a realizar, estava até um pouco revoltado. Acalmei-me, porque tudo acontece da maneira certa, de acordo com as minhas necessidades. Mas, meu ressenti­mento com o tempo permaneceu. Acossado pela saudade, pensava. Por que ele passou tão depressa? Porém, à medida que eu aceitava, e trabalhava procurando novos valores de progresso, fui aprendendo a enxergar o outro lado. A sabedoria da vida, a expressar-se no tempo. A partir dai, comecei a perceber a inutilidade de querer combatê-lo. Como todas as leis de Deus, também esta é mais sábia do que nós. E comecei a pensar o que aconteceria se, em vez de temê-lo, eu procurasse viver com ele. Por que recear as mudanças, se elas ocorrem justamente provocadas pela nossa necessidade de aprender? Por que recear a maturidade, tudo é estabelecido pela vida e pelo tempo. São leis das quais ninguém conseguirá fugir. Desde que descobri isso, tento valorizar todos os meus minutos, deixando para o passado apenas as lições e as coisas boas, e vivendo o presente sem medo do futuro. Sabendo que o tempo é nosso aliado, mesmo sendo im­parcial, quando ele ocasiona mudanças em minha vida, sempre me pergunto: “O que estará a vida querendo me ensinar? Como poderei viver melhor, dentro de uma nova situação?” E o melhor, ele sempre leva no referencial as leis divi­nas, para que eu possa evitar os malogros e os desvios tão dolorosos. Afinal, se eu seguir por outros caminhos, no fim, terei de voltar mesmo sobre meus passos e recomeçar. Então, por que temer? Por que não seguir procurando perceber o rumo a tomar? E como o tempo continua andando aprenderemos com menos sofrimento e iremos pouco a pouco aumentando nosso coeficiente de bons momentos de felicidade.

Teoria
Verbete: arquétipo, modelo de seres criados, padrão, exemplar, protótipo. Segundo C. G. Jung, psicólogo e psicanalista suíço (1875-1961), são imagens psíquicas do inconsciente coletivo, patrimônio comum à toda a humanidade: O paraíso perdido, o dragão, o círculo são exemplos de arquétipos que se encontram nas mais diversas civilizações. Há no mundo quem se dedique com muita perseverança ao seu estudo procurando encontrar nessas figuras fundamen­tos e explicações para tantos desacertos do comportamento humano. Essa teoria pareceu-me fundamentada em argu­mentos sérios e com base na nossa maneira de ser. Mas daí a responsabilizá-los pelas nossas preferências, ou qualidades atuais, vai grande distância. Se ela fosse verdadeira, eu poderia escolher os meus arquétipos e seria muito interessante porque assim eu poderia nessa escolha contrapesar minhas preferências, meu lado negativo reforçando as qualidades pela influência de arquétipos equi­librados e perfeitos. Poder realçar o que tenho de bom, e ter condição de realizar tudo quanto venho desejando ha longo tempo. Porém, pelo que percebi, isso não é coisa fácil. Se depende de minha maturidade, significa que ainda não consigo enxergar, que ainda não vejo as coisas que estão diante de mim. Reconheço que é difícil admitir que somos limitados, admito até que sabemos disso muito bem. É claro que ainda não posso conhecer tudo e que ainda necessito caminhar muito, mas na hora que per­cebo esse limite, alguém me diz que estou incapacitado para perceber, e às vezes é frustrante não ter capacidade para ser melhor e mais lúcido do que se é na ânsia de saber tudo, ver tudo. Se Deus para criar o homem estabeleceu um arquétipo, por certo este teria de ser perfeito. Ninguém pode imaginar Deus fazendo algo imperfeito. Assim sendo, se pudéssemos seguir esse modelo máximo, com certeza chegaríamos mais depres­sa à perfeição. Não perderíamos tanto tempo em divagações e fantasias. Assim, as leis divinas são perfeitas e o modelo é Jesus… é só tentar segui-lo e estaremos a caminho…

Chefão
Vivemos flutuando no espaço sobre uma bola imensa que ninguém sabe como começou nem quem teve a idéia de colocá-la ali. Ainda hoje, pouco conhecemos de nossos vizinhos, planetas que giram conosco em torno daquele que nos dá luz e calor. Antigamente, era quase impossível dar uma volta em seu redor, nem mesmo sabíamos que se tratava de uma bola e que se mexia ... hoje, com os conhecimentos disponíveis, longe de nos deixar tranqüilos, é maior nossa perplexidade, sabendo que rolamos ininterruptamente nesse espaço imenso. Assim é que temos o desejo de sair, ir até a esquina de nossa galáxia ou mais além quem sabe, na esperança de conhecer o chefão que comanda tudo isto, pois, com certeza toda essa maravilha harmônica há de ter um chefe que timoneia todo o sistema, todo este maravilhoso e equilibrado universo. Porém, ainda não se sabe quem o tenha encontrado, será Ele, o Criador, tão ocupado? Há aqueles que desejariam que ele descesse em um carro de fogo, como o Elias da Bíblia e com uma espada impiedosa fizesse justiça diante de todos, humilhando os maus, os traidores, os falsos … elevando os bons, os humildes e os sofridos, colocando as coisas em seus devidos lugares. Mas o chefão não pensa assim e pensando nisso, será que enquanto procuramos o comandante em chefe de tudo, lá em cima e em outros planetas ele não estará aqui? Em nosso própio mundo? Não estaria nos abraçando através da brisa, nos alimentando na seiva das plantas e nos guiando os passos desde sempre? Basta nos darmos o trabalho de perceber e poderemos sentí-lo bem dentro de nós. Somente aqueles que estão cegos e temerosos não ouvem o constante apelo da Natureza e criam tantos conflitos, tantas lutas, tantas dificuldades. De nada adiantam o pessimismo, a auto-piedade, a auto-condenação, o misticismo e o fanatismo, somente uma verdadeira e profunda certeza, uma fé absoluta e clara, a confiança de que tudo vai muito bem porque Deus está no leme, em nosso coração é que não teremos receio de lutar e poderemos ser felizes pois afinal, o chefão é mesmo extraordinário, criou tudo isto, portanto, deve mesmo ser muito eficiente, assim, não há o que temer, o que nos parece ruim, no final será um bem.

Inspiração
Relâmpagos de genialidade, idéias luminosas, estórias interessantes, prosas e versos … inspiração. Quebramos a cabeça em busca do tema, da mensagem, da arte … e nada nos ocorre alem das idéias comuns de nosso cotidiano. Mas eis que, subitamente, uma brisa sopra e encontramos o tema, o texto e tudo o mais de uma só vez, nesse momento tudo nos fica claro, como iluminados por uma centelha de gênio, tocamos os corações com a força da nossa arte e … ai editamos … ela chegou nos abraçando carinhosamente … a inspiração. Todos nós já fomos ou ainda seremos iluminados por ela, nem que por breves segundos e neste momento mágico somos compositores, pintores, escritores, poetas, músicos, atores, cantores, oradores, jornalistas, editores, administradores … e tudo o mais que desejarmos. Infelizmente porem, ela não é estável, é caprichosa, livre, sem patrão, vai, voa e aparece quando menos se espera. Assim, nossa genialidade, mesmo contra nossa vontade, é sua dependente e entre decepcionados e insatisfeitos, enquanto ela não aparece, disfarçamos a própria incapacidade. Afinal, quem é essa senhora instável e inconstante? Que poderes ela tem de dominar desde os grandes até nós pequeninos que dela apenas recebemos ocasionais e diminutas centelhas? Se pudéssemos, de alguma forma segurá-la conosco, fosse qual fosse a nossa especialidade, tendo-a permanentemente, por certo seriamos a imagem da plenitude da realização. Mas na vida cada um tem o que procura e a inspiração Divina não é inconstante nem caprichosa, sempre esteve, esta e sempre estará, em todos os momentos, à disposição de todos e para conseguir a permanente inspiração temos, porém, de pagar o preço do amadurecimento, conhecimento e experiência, pois, inspiração é vida e vida é obra de Deus.

Julgamento
Ainda há quem pense que após o desenlace do corpo, sejamos submetidos ao julgamento de nossos atos e Deus, ou quem sabe o Cristo ou mesmo um dos apóstolos em pessoa, presidam a corte e devidamente togados decretem a sentença condenatória ou absolvição a que fizemos jus. O céu e o inferno ainda estão em nossas cabeças, apesar de todos os recados recebidos de fantasmas e a própria igreja católica ter reconhecido sua inexistência. Nas sentenças proferidas em nossos tribunais, às vezes o réu, sente-se menos culpado, ou violentado nos seus sentimentos de justiça em razão da ignorância – juridicamente falando – dos juízes ou ainda, em decorrência da corrupção dos que forjam testemunhas e provas de acordo com seus próprios interesses, pois em verdade, cada um mesmo sem o tribunal constituído, percebe o volume de suas transgressões e pune-se de acordo com o seu próprio julgamento, condenando-se ou absolvendo-se, mas sempre decidindo a colocar as coisas nos devidos lugares. O homem em sua grande maioria tem sido cruel consigo mesmo. Deus não o condena e o ajuda a sair das dificuldades, mas o homem quando descobre a si mesmo e reconhece a culpa em seus atos, é mais severo consigo mesmo do que a realidade exige. A verdade fere muito mais a consciência do que quaisquer outros tipos de punição, pois o homem voa alto e se lhe atribui tantos méritos que ao enxergar seus erros é obrigado a violentar a vaidade. O excesso de culpa é o espelho de nosso inconformismo em aceitar o que somos e perceber nossos limites. Os homens punem-se alimentando suas desgraças, remoendo seus erros, recusando-se a sair da situação de sofrimento, alegando merecimento não percebem que o trabalho no bem é o mais importante, representa a única maneira de encontrar a dignidade perdida e o respeito próprio.

Meditar com Seriedade
Há dois mil anos, ele amou a humanidade como jamais ninguém amou. Ele conhecia e respeitava as leis da vida e para aqueles que o chamaram de subversivo ele disse: “Eu não vim destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento”. Sabia que os homens se debateriam em busca de soberania e poder e se precipitariam no despenhadeiro da guerra e por isso ele disse: “Minha paz vos deixo, a minha paz vos dou”. Sabia que você, como indivíduo, deveria caminhar em busca da própria felicidade e que, embora rodeado de pessoas, haveria momentos em que a solidão o visitaria e então falou: “Nunca estareis sós, vinde a mim”. Sabia ainda que na escalada para Deus, em alguns momentos, você se sentiria meio perdido, sem saber ao certo que caminho seguir. Foi por essa razão que disse: “Eu sou o caminho”. Ele conhecia as fraquezas humanas e entendia que densas nuvens se abateriam sobre as consciências e disse: “Eu sou a luz do mundo”. Conhecia a intimidade das criaturas, suas angústias e incertezas, sabia que muitas seriam as derrotas e que, depois do cansaço das lutas inglórias, buscariam uma rota segura, disse então: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Compreendia a fragilidade da humanidade, que facilmente se deixaria levar pelo brilho das riquezas materiais e escorregaria nas armadilhas da desonra e da insensatez e advertiu: “De nada adianta ao homem ganhar a vida e perder-se a si mesmo”. Conhecia a indocilidade do coração humano, que se tornaria presa fácil da prepotência e se comprometeria negativamente com os preconceitos e o orgulho, criando cadeias para a própria alma e afirmou: “Conhecereis a verdade e a verdade os libertará”. E sabendo que na intimidade de cada ser, há uma centelha da chama divina, disse: “Brilhe a vossa luz”. Conhecendo a destinação de todos nós, falou: “Sede perfeitos”. Conhecedor de nossa capacidade de preservar e dar sabor à vida, afirmou: “Vós sois o sal da Terra”. Voltou após sua morte física para que tivéssemos a certeza de que o túmulo não aniquila os nossos amores. Não impôs nada a ninguém, deixou apenas um convite: … “Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz, negue a si mesmo e siga-me”. Ele que habita mundos sublimes, onde a felicidade suprema é uma realidade, mesmo assim continua amparando e socorrendo seus irmãos, independente de crença, raça, posição social ou cultural, pois como ele afirmou: nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá. Assim então, vale a pena meditar, com seriedade, sobre os ensinamentos que ele nos deixou, há dois mil anos.

Quando Será?
“Reconciliai-vos, o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto todos estais a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. Digo-vos em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil”.
... Quando será que aprenderemos? Quando será que olharemos nosso semelhante de frente sem achá-lo inferior ou superior, melhor ou pior, bom ou mau, preto ou branco, amarelo ou vermelho, alto ou baixo, rico ou pobre, inteligente ou não? Como Ele disse, todos estamos a caminho, precisamos uns dos outros, não é eliminando nosso adversário, seja lá em que área for que resolveremos nossos problemas, na verdade, se assim o fazemos, aumentamos nossas dificuldades. Nas guerras, os homens são e se sentem compelidos a lutar, embora saibam, com uma convicção inabalável, que irão, cedo ou tarde, sucumbir. Esse é o espectro da guerra, onde os homens conhecem os seus meios, não têm plenas condições de avaliar o seu fim e sequer estão plenamente convictos de seus ideais. Os homens que fazem a guerra são cegos em suas sensações, não conseguem vislumbrar o amor, o companheirismo e o perdão. Acreditam que tais sentimentos estão alheios às batalhas, crêem na construção de um mundo melhor eliminando aqueles que lhes são contrários e, arrogantes, crêem na fórmula cruel que seria capaz, em seu parco entender, de fomentar o progresso às civilizações. Se por um momento, pudessem os protagonistas da guerra abrir suas mentes e visão, certamente não teriam forças para continuar, buscariam na reflexão outro rumo evitando tantas atrocidades cometidas contra o seu semelhante. Entretanto, este triste desvio de finalidade, há tantos séculos enfrentado pelo homem, acompanha o grau de evolução do planeta, ainda longe de se nomear civilizado.
Força de Atração
A mente humana é um ímã de enorme potencial. Entretanto e infelizmente, a humanidade ainda não está preparada para administrar este enorme poder. Inconsciente dessa potencialidade intrínseca da sua natureza psíquica, a criatura humana abusa de tão preciosa dádiva conferida pela criação, e, no emaranhado das aspirações subalternas, apraz-se em acionar aquelas energias ao sabor das paixões deturpadoras a que geralmente se apega. Esta ação magnética não depende do quociente de inteligência, da cultura ou de quaisquer outras habilidades psíquicas, depende somente da tenaz vontade de alcançar o objetivo. É óbvio que consoante à atração exercida, faz-se necessária a ação física pois que neste mundo material, somente construiremos nosso castelo sobrepondo pedra sobre pedra. A mente humana, no entanto, trabalha a serviço do bem como do mal, consoante o impulso vibratório fornecido pela vontade atuante. A custo de muito pensar em determinado assunto, de insistentemente desejar a concretização desta ou daquela particularidade, entrevista pela imaginação do plano íntimo, exercendo assim, atração magnética irresistível, não raro a criatura realiza aquilo que levou tempo a modelar no pensamento, porque, por si mesma, se vai preparando para as possibilidades de consecução. Muitas das vezes, tais realizações, divorciadas dos princípios benemerentes da legislação incorruptível, tornam-se funestas ao próprio artífice cuja mente as concebeu, ao qual desgraçam. Muito dificilmente testificam nobreza de ideais, fornecendo satisfações perduráveis, porquanto, geralmente, a mentalidade humana apenas deseja colher o produto ingrato da inferioridade em que resvala. Querer é poder, pensar é realizar, trabalhar é construir, usemos portanto nossa força de atração magnética para atrair energias edificantes como a fé que move montanhas.

Editora da Vida
Poderíamos comparar o Universo como uma imensa livraria. A Terra, apenas uma de suas estantes e nós, humanos, os livros. Assim como compramos livros apenas pela beleza da capa, sem pesquisar o índice ou conteúdo, muitos de nós avaliamos nosso semelhante pela aparência externa, pela capa física, sem considerarmos a parte interna. Procuramos livros com títulos bombásticos, sensacionalistas, histórias de terror ou romances profundos. Há ainda alguns de nós que buscam dramas alheios ou apenas um romance, seja profundo ou rasteiro. Somos homens-livros lendo uns aos outros. Podemos ficar só na capa ou aprofundarmos nossa leitura até as páginas vivas do coração. A capa pode ser interessante, mas é no conteúdo que brilha a essência do texto. O corpo pode ter uma bela plástica, mas é o espírito que dá brilho aos olhos. Também podemos ler nas páginas experientes da vida muitos textos de sabedoria. Depende do que estamos buscando na estante. Podemos ver em cada homem-livro um texto impresso nas linhas do corpo. Deus colocou ali sua assinatura Divina, nas páginas do coração, mas só quem lê o interior é que descobre a beleza. Só quem vence a ilusão da capa e mergulha nas páginas da vida íntima de alguém, é que descobre seu real valor, humano e espiritual. Todos nós deveríamos nos esforçar para ser leitores conscientes para que nas páginas de nossos corações possamos ler uma estória de amor profundo, uma história imortal. E que, sendo homens-livros, possamos ser leitura interessante e criativa nas várias estantes da livraria-universo, pois somos homens-livros. A capa amassa e as folhas podem rasgar. Mas, ninguém amassa ou rasga as idéias e sentimentos de uma consciência imortal. O que não foi bem escrito, poderá ser refeito e melhorado mais à frente,... Mas, com toda certeza, será publicado pela editora da vida, na estante Divina...Há homens-livros de várias capas e cores, mas Deus é o editor de todos eles.

Oceano, Obra Prima do Criador
A praia estava deserta e fria, caminhava chutando a areia quando senti o abraço do oceano e com o olhar no horizonte, voltei a questionar a vida, as tantas vezes as ondas lavam a areia, volto a questionar: como alguém pode sentir-se só na presença do mar? Na presença desta brisa incessante? Na companhia deste perfume raro? Como ainda posso me sentir só, sabendo que os braços do invisível me abraçam, que aqueles que partiram continuam existindo, e que todos nós, sem exceção, somos amados por alguém? Como ainda posso me sentir só? Talvez seja porque eu é que me isolo do mundo, e que seja exigente demais com as pessoas. Pode ser isso. Talvez seja porque eu que não permita que os outros conheçam minha vida, meus sonhos, minhas dificuldades - acho que há um pouco de orgulho nisso. Quem sabe seja porque eu é que procuro a solidão, e não ela que me persiga, como eu imaginava. É... talvez eu precise conversar mais com as pessoas, me interessar mais por suas vidas, ouvir. Há tempos que não ouço alguém; um desconhecido relatando os acontecimentos corriqueiros do dia-a-dia; um colega de trabalho falando das peripécias de seus filhos. Meus irmãos, amigos, há tempo que não converso com eles sobre assuntos profundos, como planos para o futuro, lembranças boas do passado. É curioso como as pessoas se isolam umas das outras, e do quanto isto é prejudicial para a saúde mental e física, já que uma é conseqüência da outra. Quem ama não se sente só, pois está sempre se doando, se envolvendo com os corações mais próximos, na intenção de ajudar. Quando nos sentimos úteis, e concluímos que muitos dependem de nossa dedicação, de nosso amor, também esquecemos da solidão. Naquele dia fui visitar uns parentes que não via há muito tempo, e aquela visita fez-me tão bem! Falamos de assuntos comuns, como notícias de televisão, notícias da família, e ao final, saí de lá menos tenso, menos preocupado com a solidão. Abracei minha tia, que emocionada disse: "gostamos muito de você, viu? Venha mais vezes! Não é sempre que recebemos visitas!" Ela estava certa: não é sempre que recebemos visitas, pois não é sempre que visitamos os outros. Naquela tarde vi que poderia ser útil em pequenas coisas, e que aquilo me afastava um pouco da solidão. Dentro do carro, voltando para casa, observando o movimento intenso nas ruas, lembrei de fazer estas mesmas perguntas: como pode alguém sentir-se só na presença de uma multidão, de vida ao redor? Quantos desses corações esperam apenas por uma visita? E quantos deles estão dispostos a fazer uma? E aqui está você, amigo oceano, à minha frente, ouvindo todas estas minhas divagações. Acho que foi sua grandeza silenciosa, obra prima do Criador que me ajudou a entender melhor o que se passa em meu íntimo. Agradeço profundamente por sua companhia, por conseguir me ouvir, e por me dizer, mesmo sem falar, que o que preciso fazer é visitar mais o coração de meu próximo.

Planeta em Miniatura
O lar parece ser insignificante no pulsar da vida, entre­tanto, sem ele não haveria harmonia no complexo humano, o lar é o cantinho onde a alma se purifica em conjunto com outras, servindo de trocas incessan­tes de experiências. Um lar é um planeta em miniatura, e o planeta é como se fosse um lar maior. As leis que funcionam para que haja paz, compreensão e saúde em um mundo, são as mesmas e necessárias para que haja harmonia no aconchego doméstico. Tanto que as guerras, os terremotos, a fome, as calamidades, as imundícies morais, os grandes problemas dos países, estão de certa forma ligados aos lares. Quando neles houver a verda­deira fraternidade, quando neste recanto do mundo somente se encon­trarem seres unidos pelo amor, se estabele­cerá a paz e a harmonia no conjunto. Um planeta é como se fosse um corpo. Um órgão doente, todo conjunto sofre e luta para seu restabelecimento. Assim são os lares; eles são as células que funcionam como base de toda estrutura do con­junto humano da Terra. Havendo desarmonia entre elas, certamente há em todo planeta. O homem culpa os governantes de seu país, esquecendo-se que ele mesmo ainda não aprendeu a governar o menor país do mundo que é seu próprio lar. E, se quisermos um conselho do Evangelho: “Se alguém estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. Violência gera violência. Se querem a paz no mundo, comecem a implan­tá-la nos próprios corações. Governo nenhum consegue reestruturar um país, se em particular, cada um não reformar a si mesmo. Os sofrimentos coletivos e todas as ordens de problemas no mundo são causas, cujos efeitos vibram nos corações. Eis porque o Cristo, nos convida para removermos os efeitos, que as causas automaticamente desaparecerão. Quem cultiva o perdão estará cooperando para a harmonia do planeta. Quem alimenta no coração e vive a fraternidade, está dando o seu quinhão que lhe compete para compreensão de todos. Quem esque­cer as ofensas e amparar os que sofrem, repre­senta uma força do bem. Quem servir de instrumento do saber, sem condições exigidas, será uma luz a mais para clarear todo o planeta. Quem amar sem buscar amor para si mesmo, será um dos benfeitores que prenunciam a verdadeira felicidade. Todavia, isto tudo tem que ser iniciado dentro de nós, provando sua existência no lar, para que depois possam irradiar para o mundo, a paz.

Transpondo Limites
Em meio ao progresso do mundo atual, onde as neces­sidades básicas se tornaram mais amplas, fico pensando se dentro dessa maratona, em que ficou transformada a vida, ainda há lugar para a apreciação das coisas essen­ciais, onde o contra-senso não compareça à guisa de colheita indesejada, porém útil. Aliás, nos dias atuais, difícil se torna delimitar o necessário, o essencial, o básico, no torvelinho do progresso onde o conforto e a utilidade nos acenam com recursos no­vos e fascinantes. A máquina a serviço do homem, ou o homem a serviço da máquina. Quem serve a quem nessa trajetória em que se transformou a vida no mun­do? Difícil responder. Se por um lado temos as utilidades, os aparelhos, os recursos que facilitam a vida, ajudando o homem, liberando-o de tarefas rudes, por outro temos o custo dessas utili­dades, a luta para possuí-las, que não recua nem diante dos prejuízos que causam ao meio ambiente natural, destruindo as defesas que a natureza sabiamente elaborou, em séculos de trabalho de organização paciente e perseverante. Em seu requinte, o homem moderno, dono de conheci­mentos novos, não recua diante de obstáculo algum e manipula tudo, sem receio ou bom senso e, ao fim dessas incur­sões científicas, atira, indiferente, os resíduos letais nos lugares ermos, nos rios e nos oceanos, sem pensar que a Terra é um todo onde todos os corpos se influenciam e se relacionam e por isso mesmo, toda atuação desastrosa é reabsorvida pela própria terra que procura defender-se como pode, devolvendo ao homem o resultado de sua atuação já que não lhe resta outro recurso. Tenho questionado se vale a pena o pro­gresso tecnológico a esse preço. Alardear conhecimento, no­vas descobertas, recursos assombrosos de controle das forças que circulam ao seu redor e depois, como a criança estou­vada e simplória, com esse brinquedo colocar em risco a pró­pria vida. — Se Deus permitiu ao homem conhecer certas leis, é porque ele já pode utilizá-las bem. E acho até que eles poderiam fazer isso. Só que como existe o livre-arbítrio, eles optam ambiciosamente pelo avanço nos benefícios, sem nenhuma preocupação em preservar os bens que pssuem. Há até os que, cientes desses perigos, protestam e ten­tam impedi-los, concitando-os à prudência e ao respeito à mãe Natureza. Quem os ouve? Entre os lauréis da fama e a ambição do poder e do dinheiro, quem se preocupa com o futuro? Cada geração que cuide de si, e trate de resolver seus próprios problemas. O que interessa ago­ra são os resultados imediatos, a movimentação dos recursos, sem preocupações ou cuidados. Na verdade, nós, que amamos a Terra que possibilita a vida, gostaríamos que todos compreendessem e pudessem acordar para a realidade, porquanto de que adianta o esforço dos interessados em fazer o melhor, se os homens, sistema­ticamente, lhes anulam os esforços? Tanto despreparo e ambição! Afinal, o livre-arbítrio por certo tem um limite e certos homens, no meu entender, transpuseram tais limites. não seria chegada a hora do “basta” com uma reação que os ensinasse a res­peitar o sagrado trabalho da Natureza?

Viagem
As grandes aventuras da vida começam, por vezes, impensadamente. O gesto inesperado, o momento imprevisto, a ocasião especial e eis que mergulhamos sem pensar na maratona das sensações, na experiência viva dos sentimentos. Será isso uma decorrência da nossa imprevidência? Ou será a ânsia de mudar, de crescer ou de experimentar? Fico a pensar porque uma pessoa racional, instruída, aparentemente equilibrada, con­segue enveredar pelos difíceis caminhos dos vícios que por certo conduzem ao desespero e à loucura. O drama das drogas destrói o equilíbrio físico e acaba cortando a própria vida. Nesse processo, preso e dependente dos alucinógenos, o cérebro embaralha as imagens, subvertendo a ordem natural que estabelece a memó­ria e a lucidez. O primeiro engano do viciado é que ele sai para a aventura da “viagem” em outra dimensão mas igno­ra que essa dimensão esteja dentro dele, numa introspecção que não seria tão dolorosa se nosso passado espiritual fosse equilibrado, mas sabemos, sempre é, apavorante. À medida que se tornam maiores as doses, é que se mergulha mais e mais nas profundidades do tempo. Com o tempo, a dependência, o orgulho sufocando o medo, a necessidade sempre maior, as picadas, a falta de dinheiro, o abandono da escola, os truques para conseguir a droga, o mercado abominável do qual se acaba participando, o horror, o medo, o irreal tomando lugar do real, as alucina­ções, a perversão dos valores, e quando a ajuda aparece, comparecem como víti­mas porém sem vontade real de sair da dependência. Depois, a loucura, o terror, a morte e aí então o mergulho na lucidez, em meio às hediondas crises que não se pode minorar. Assim, então, rogamos aos que caíram, que assumam a responsabilidade de suas vidas, que não atirem o peso das suas fraquezas sobre os outros, principalmente sobre os pais, que lhe deram a oportuni­dade de viver! E que lutem, contra o orgulho e a fraqueza pois a nossa força está em resistir ao mal, não em utilizá-la.

Auto-Circuncisão
Nos tempos de Abraão, a circuncisão era obrigatória e simbolizava a aliança com Deus. Assim, cortar o prepúcio tornou-se um ato sagrado a todas as gerações judaicas. Jesus, também foi circuncidado, contudo, o Cristianismo não precisava de símbolos ou ritos para constatar a mais alta aliança com Deus. A missão do Evangelho é liberar o homem das ilusões e do incômodo da ignorância. A circuncisão e o batismo – o próprio João Batista reconheceu – são inúteis à evolução das almas, não têm mais sentido assim como outros ritos que o tempo destruiu. A circuncisão, no entanto, tem seu valor, não no sentido espiritual, mas como higiene fisiológica e talvez, essa tenha sido a intenção das vozes que orientavam Abraão. Também a água, tida com sagrada, era prenúncio para que pudessem entender a necessidade do banho espiritual. Com as revelações do Cristo iniciou-se a limpeza de credos esdrúxulos, entretanto, ainda hoje se faz necessária a revisão nos dogmas religiosos, entrave no progresso das criaturas. É chegada a hora para que cada um com seu próprio esforço faça sua limpeza na mente e no coração. Muitos de nós, homens, nos sentimos desnorteados e gritamos: Como crer? Entretanto, a resposta é simples, da maneira que seu coração suportar e sua inteligência aceitar. As dez regras dos mandamentos de Moisés continuam em vigor e amar a Deus sobre todas as coisas, de toda sua alma e de todo o seu entendimento trará a cada um de nós a paz tão almejada. Façamos então uma auto-circuncisão, quebrando a barreira das convenções humanas, transformando a maledicência em indulgência, nos livrando da cegueira da incompreensão, conquistando a fraternidade, desligando o ódio, o orgulho, a vaidade favorecendo ambiente para o amor puro de fé e caridade.

Aurora Nascente
A visão do espaço e a contemplação do céu, nas horas serenas da noite, despertam em nós uma espécie de temor respeitoso. As imensas distâncias, as minúsculas luzes pontilhando o negrume, o pensamento que cada uma delas é um sol, sistema planetário e que, além dos limites de nossos poderosos equipamentos outras legiões de astros se movem e habitam em profundos abismos do infinito … tudo isso nos fascina, domina e esmaga. Compreendemos quanto é grande nossa fraqueza e nossa impotência diante da imensidão do Universo. Assim também, acrescida da angústia, nos sentimos como delicada flor à merce das fúrias dos ventos ou dos oceanos, em reação aos grandes acontecimentos que flagelam a humanidade. Entretanto, do meio das trevas que caem sobre nós, entrevê-se a aurora nascente de um novo dia e uma vegetação nova vai surgir e florescer neste novo ano, sabemos ser incontáveis os oprimidos pela dor e que sentem necessidade de um conforto, de um socorro moral, mas há um esforço imenso de muitos homens de bem que lutam incessantemente pela liberdade do mundo, pelos direitos dos fracos e pela justiça, lutam e sonham em liquidar nossos maiores inimigos, a fome, a miséria e a ignorância. São nestes tempos de provações e desordem que devemos ter confiança no futuro, pois o Universo é regido por leis harmônicas e a última palavra, em todas as coisas, caberá sempre ao direito e à justiça, proporcionando à existência, uma razão de ser e uma finalidade: conquistar a verdade, a sabedoria e a virtude.

Deus
Basta olharmos o infinito do céu e projetarmos nossa mente na grandeza do Universo para nos encontrarmos em presença de Leis majestosas, que dominam os seres e as coisas sob a ação de um soberano poder. Não existe lei sem uma mente que a crie e sem uma vontade que zele pelo seu cumprimento. Nas silenciosas vastidões do abismo da vida onde gravitam os mundos, uma inteligência preside a ascensão das almas e a eterna harmonia do cosmos. Nos estudos do Universo, nossos grosseiros sentidos, mesmo ajudados pela tecnologia atual, não nos podem dar senão uma pálida idéia do conjunto das coisas. Mas Deus, que se aperfeiçoa e engrandece, já não é mais, para um espírito esclarecido, um ser antropomórfico, isto é, um homem divinizado de que nos falam os livros sagrados e as crenças de idades antigas. Deus é, pura essência, é um princípio e uma meta, uma causa e um fim. Com as asas do pensamento e a oração, no recolhimento dos sentidos, qualquer um pode comunicar-se com esse foco eterno e sentir suas irradiações. Podemos sim, sem nos agarrarmos às fórmulas ditadas por religiões, em qualquer meio, nas catedrais, templos, sinagogas e mesquitas, orar com fervor, entretanto, há de se experimentar dar maior impulso e ardor em nossas orações, junto ao mar embalado pelo ritmo das ondas, nas montanhas ante à visão dos vales e planícies, sob o manto de uma floresta ou, à noite, sob a abóbada estrelada do firmamento, porque a natureza, é o único templo verdadeiramente digno do Eterno.

A cada um, segundo ... suas obras
Porque Deus permite a formação de quistos de perturbação e desordem? Porque a Divina Providencia, não interfere no campo da inteligência corrompida no mal? Perguntas como estas são comuns entre homens de bem indignados com tantas, aparentes injustiças. Entretanto, se procurarmos respostas nos Mestres e em tantos livros publicados, a resposta invariável é que o Criador exige sejam as criaturas deixadas livres para escolherem o caminho de evolução que melhor lhes pareça, seja uma avenida de estrelas ou uma vereda de lama. Deus quer que todos os seus filhos tenham a própria individualidade, creiam nele como possam, conservem as inclinações e gostos mais consentâneos com o seu modo de ser, trabalhem como e quanto desejem e habitem onde quiserem, somente exige – e exige com rigor – que a justiça seja cumprida e respeitada, “a cada um será dado segundo as suas obras.” Todos receberemos, nas Leis da Vida, o que fizermos, pelo que fizermos, quanto fizermos e como fizermos. De conformidade com os Preceitos Divinos, podemos viver e conviver uns com os outros, consoante os padrões de escolha e afetividade que elejamos; entretanto, em qualquer plano de consciência, do mais inferior ao mais sublime, o prejuízo ao próximo, a ofensa aos outros, a criminalidade e a ingratidão colhem dolorosos e inevitáveis reajustes, na pauta dos princípios de causa e efeito que impõem amargas penas aos infratores. Somos livres para desenvolver as nossas tendências, cultivá-las e aperfeiçoá-las, mas devemos concordar com os estatutos do Bem Eterno, cujos artigos e parágrafos estabelecem sejam feitas e mantidas, no bem de todos e no amparo desinteressado aos outros, as garantias de nossa própria felicidade.

Multidão de Pecados
Fazer ou não fazer, abraçar uma doutrina deixando a outra, seguir essa ou aquela carreira, mudar ou não de emprego. Mudanças não são fáceis, é necessário que dentro do coração vibre a certeza de que o sentimento e a consciência estão aceitando, para que as pequenas tempestades não nos varram do caminho. Nossas decisões quanto às resoluções a tomar, hão de ser pesadas, medidas como um alicerce. Assim, tudo o que decidirmos terá segurança por si mesmo, dando mostra aos outros, sem necessidade da palavra porque já adquirimos valores. Se alguém contemplar nossos feitos, ser-nos-á de bom proveito, nossos semelhantes, por onde passarmos, irão se certificando das realidades boas ou ruins de que somos portadores e eles próprios anunciarão, sem que saibamos, os nossos valores perante a vida. A força do verbo alheio multiplica as energias e as intenções ao endereçado. Sabemos que existem caminhos já planejados para nossos destinos, mas isto não nos tira o direito de passarmos pelos testes das qualidades que conquistamos para uma solução. Se devemos ou não fazer esse trabalho, a responsabilidade é nossa. O plano geral das nossas decisões têm, de fato, a chancela da sabedoria Divina, contudo, as particularidades nos pertencem pela conquista de nosso livre arbítrio. O homem moderno não deve parar para lembranças atávicas, deve seguir para frente e para o alto, abolindo a fé cega, enfrentando frente a frente a razão, abandonando o perdão enfeitado com palavras ocas, substituindo-o por um perdão substancioso, que carrega consigo o amor e todo o esquecimento. Não mais a caridade por obrigação mas aquela impulsionada pelo coração fraternal, que sabe sentir as necessidades dos semelhantes que sofrem e choram. Não mais aquele amor comprado a peso de ouro, por interesses mesquinhos mas o amor livre, na plenitude dos seus direitos e respeitoso aos seus deveres, um amor que cobre, de fato, a multidão de pecados.